Ao decidir permanecer no exercício do governo até o último dia do mandato, o governador Ricardo Coutinho (PSB) engrossa a lista de gestores paraibanos sem passagem pelo Senado, ora por não terem se candidatado, ora por terem sido derrotados. Um dos exemplos mais comentados de governador derrotado ao Senado ainda é o de Ivan Bichara Sobreira, que em 1978 ganhou individualmente de Humberto Lucena, mas perdeu na contagem final para este, graças à soma das sublegendas ocupadas por João Bosco Braga Barreto, com atuação no Sertão, e Ary Ribeiro, da área do Compartimento da Borborema, em Campina Grande.
Ivan, depois da derrota, queixou-se de traições dentro da Arena, mirando, especialmente, na dissidência marizista, com o aval do ex-governador João Agripino, que acabou migrando para o MDB-PMDB. Mas há versões de políticos remanescentes daquele período de que Ivan não teve habilidade para atrair nomes de peso para sublegendas que somassem a seu favor, muito menos para doutrinar os dissidentes a apoiarem a sua candidatura. Ele foi governador por via indireta, escolhido diretamente pelo presidente da República, na vigência do regime militar.
Tarcísio Burity, depois do primeiro mandato, ainda se elegeu deputado federal em 1982, mas ao ser reeleito pelo voto direto em 86 fez uma gestão tumultuada e desgastante que o levou a ficar no cargo até o último dia. Fora do poder, tentou registrar-se ao Senado, anos depois, mas a esta altura já havia perdido espaços no cenário político estadual, onde pontificou por uma década como fenômeno. A derrota mais trágica foi enfrentada por Wilson Braga, em 1986. Ele havia deixado o governo com índice razoável de aceitação, mas sofreu violento desgaste durante a campanha com a exploração de episódios negativos registrados ao tempo em que foi governador. Acabou perdendo para um neófito em política, o empresário Raimundo Lira, que compôs chapa ao lado de Humberto Lucena, no então PMDB, tendo Tarcísio Burity como candidato a governador. Lira conclui o mandato conquistado originalmente por Vital do Rêgo (atual ministro do Tribunal de Contas da União) e optou por não disputar a reeleição, embora, conforme analistas, tivesse chances de manter a cadeira no Congresso.
O ex-governador Pedro Moreno Gondim, que governou na década de 60, elegeu-se deputado federal ao deixar o Palácio da Redenção, sendo cassado pelo regime militar por ter sido contrário à perda do mandato pelo deputado Márcio Moreira Alves, que pronunciara discurso atacando a ditadura militar. Em 82, com a volta das diretas para governador, Pedro, filiado ao PMDB, disputou como principal candidato do partido ao Senado, tendo como suplente Ney Suassuna, mas perdeu para Marcondes Gadelha, que recém-ingressara no PDS, depois PFL e que fazia dobradinha com Wilson Braga, vitorioso ao governo contra Antônio Mariz. Em 90, Mariz foi eleito senador para a única vaga em jogo, derrotando Marcondes. Em 94, candidatou-se ao governo e foi eleito, vindo a falecer em 1995, vítima de câncer. Ronaldo Cunha Lima, que se elegera governador em 1990, foi eleito senador em dobradinha com Humberto Lucena em 94. José Maranhão, governador por três vezes, foi eleito senador em 2002 e, novamente, em 2014, estando, atualmente, no páreo ao governo do Estado. E Cássio Cunha Lima, filiado ao PSDB, conclui seu primeiro mandato de senador e é candidato à reeleição em outubro.
Nonato Guedes