Durante a convenção nacional do PSOL que homologou o nome do sindicalista Guilherme Boulos como alternativa à eleição presidencial de outubro a deputada federal Luíza Erundina afirmou que a chapa de Boulos é a única de esquerda no pleito deste ano. A declaração foi encarada nos meios políticos como uma alfinetada de Erundina no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que insiste em se dizer candidato mesmo estando preso desde abril. De sua parte, Boulos afirmou considerar que há outras candidaturas de esquerda ou contra o golpe e que respeita todas elas. O golpe que ele menciona é o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, que foi afastada do cargo em 2016.
Por sua vez, a deputada federal Luciana Santos, de Pernambuco, presidente nacional do PCdoB, exortou a esquerda a ser realista e admitir que não há a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, tendo em vista que ele está preso e inelegível, alcançado por efeitos da Lei da Ficha Limpa. Uma coisa é uma eleição com Lula candidato. Ele realmente monopoliza as atenções e intenções de votos. Mas a situação concreta é que Lula não é candidato, observou a deputada, sugerindo que o PCdoB trabalhe com vistas a massificar a pré-candidatura da deputada estadual Manuela DAvilla, do Rio Grande do Sul, que figura em algumas pesquisas com 2% das intenções de voto.
Luíza Erundina é natural da Paraíba e foi uma das primeiras expoentes do PT, pelo qual concorreu à prefeitura de São Paulo, sendo vitoriosa. Foi a primeira mulher a governar a maior Capital da América Latina, mas Erundina saiu desgastada do cargo e acusou o seu ex-partido de boicotar a sua administração. Atuando no PSOL, destaca-se pela combatividade no exercício do mandato de deputada federal por São Paulo. Foi Erundina que liderou a orquestração contra o então presidente da Câmara, Eduardo Cunha, que acabou destituído do cargo e cumpre prisão acusado de envolvimento no recebimento de propina. Guilherme Boulos, por sua vez, é oriundo do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto e tem procurado atrair o apoio de forças de esquerda no vácuo da indefinição da candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Outro postulante que opera com o mesmo objetivo é o ex-ministro e ex-governador do Ceará, Ciro Gomes, lançado pré-candidato à Presidência da República pelo PDT. Ciro tem feito acenos a setores que não o reconhecem como candidato de esquerda e ultimamente tem se manifestado condenando a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Nonato Guedes, com agências