O professor Chico Lopes, da rede de ensino secundário da Paraíba, foi o primeiro deputado estadual eleito pelo Partido dos Trabalhadores, em 1990. Em 92, convocado pela direção, ele se candidatou a prefeito de João Pessoa, logrando passar para o segundo turno, em confronto com Chico Franca, do PDT, que substituiu Lúcia Braga, impugnada pelos adversários sob pretexto de irregularidades no período em presidiu a Funsat, no governo do marido, Wilson Braga, eleito em 82. Chico Lopes não passou da façanha de ir para o segundo turno, no qual acabou inapelavelmente derrotado pelo esquema que apoiava Chico Franca e cuja retaguarda contava com o ex-governador e líder populista Wilson Leite Braga.
No primeiro discurso como deputado estadual, Chico Lopes apontou diretrizes que norteariam seu mandato, como a vinculação dos subsídios dos deputados a igual índice e data de aumento dos vencimentos do funcionalismo público, a criação de tribunas livres e audiências públicas permanentes que garantissem a participação das forças organizadas da sociedade na Assembleia Legislativa, a extinção do Instituto de Previdência dos deputados e o leilão de carros oficiais da Casa, mesmo os pertencentes aos membros da Mesa Diretora. Alegou que tais medidas visavam a resgatar a credibilidade dos políticos junto à opinião pública. Por último, expressou que sua atuação seria marcada por um posicionamento em favor dos trabalhadores e dos principais aspectos da ordem social e econômica na Assembleia Legislativa.
O mandato de Lopes foi de oposição sistemática ao governo de Ronaldo Cunha Lima, então no PMDB. Inicialmente, o parlamentar petista fez críticas e cobranças ao governo anterior, Tarcísio Burity, e propôs uma CPI na Saúde para investigar a administração dele, mas logo em seguida mirou no governo de Ronaldo, acusando-o de não ter projeto para a Educação e questionando a falta de investimentos na Saúde e no quadro do funcionalismo estadual. O deputado disse que o arrocho nos salários dos servidores estaduais já era esperado, frisando que Ronaldo, quando prefeito de Campina Grande, pôs em prática política de aviltamento, ignorando greves constantes dos funcionários por melhores condições. Chico Lopes chegou a requerer o impeachment do governador por suposta improbidade administrativa devido à concessão de empréstimos do Fain a empresas do secretário da Indústria e Comércio, João da Mata. Foi feita denúncia por Lopes à Comissão de Legislação e Justiça da Assembleia de que o governo estaria emprestando dinheiro,irregularmente, a vários empresários do Estado, entre os quais João da Mata. A Comissão deu parecer contrário à sua denúncia e propôs o arquivamento do processo.
Em paralelo, o procurador geral do Estado, Luiz Bronzeado, resolveu representar criminalmente o deputado Chico Lopes, por crime contra a honra do governador e do seu secretário João da Mata. No que diz respeito ao governo de Antônio Mariz (PMDB), a postura do PT-PB foi um pouco diferente. O partido informou que iria avaliar as declarações do governador eleito de que iria formar um secretariado ouvindo e prestigiando todas as lideranças que o apoiaram no segundo turno. Na Paraíba, algumas lideranças do PT apoiaram Mariz, mas o vereador Avenzoar Arruda, ex-candidato a governador pelo PT, disse que estava descartada a participação do partido no governo. A proposta que vigorou foi a da adoção de postura crítica em relação à administração de Mariz. O PT boicotou, também, a princípio, o governo de José Maranhão, investido com a morte de Mariz, mas nos dois mandatos de JM não fez oposição tão efetiva e sistemática, quanto a oposição empreendida ao governo de Ronaldo Cunha Lima.
Nonato Guedes