Nem sempre artistas e intelectuais paraibanos manifestam-se publicamente sobre a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mas há exceções. O cantor e compositor Chico César, que ocupou a pasta da Cultura nas gestões de Ricardo Coutinho (PSB) engrossa o coro dos que consideram golpe o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e tratam como perseguição política a penca de processos judiciais contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Eclético, Chico César postou foto, em sua página na web, ao lado da deputada estadual gaúcha Manuela DAvila, pré-candidata à Presidência da República pelo PCdoB, da mesma forma como se deixou fotografar num encontro com Dilma Rousseff quando esta vivia seu inferno astral decorrente do traumático processo de impeachment. Entre intelectuais paraibanos que discursam por ocasião do lançamento de livros seus, a opção preferida é ecoar o refrão Fora, Temer, agora acrescido de outro mantra: Lula Livre. Foi o caso do poeta e escritor Sérgio de Castro Pinto, que em vários eventos abriu ou concluiu intervenções suas com o Fora, Temer. Há outros que já há algum tempos e indispõem, de público, contra os que apoiaram o impeachment de Dilma.
O raciocínio predominante nos meios culturais paraibanos é o de que o ex-presidente Lula está sendo punido por ter quebrado estruturas arcaicas e desafiado elites econômicas e políticas do país. Essa opinião é compartilhada por figuras de expressão nacional e internacional, a exemplo de Chico Buarque de Holanda, Caetano Veloso, entre outros. A tomada de posições acarreta consequências indesejáveis. Chico e o cantor e compositor cearense Raimundo Fagner romperam relações em virtude de discussões envolvendo a participação de petistas em esquemas de roubalheira. Através de rede social, Fagner lamentou o fim da relação e advertiu que a política não servir de pretexto ou de divisor de águas entre personalidades com pontos-de-vista opostos no atual momento político brasileiro.
Intelectuais brasileiros têm se empenhado em denunciar à opinião pública internacional o que classificam de golpe contra as instituições brasileiras. Cineastas, atores e atrizes, inclusive, da Rede Globo, são ostensivos nas suas manifestações. Quando tentou preencher vaga no ministério da Cultura, o presidente Michel Temer recebeu negativas em série, da multimídia Bruna Lombardi a atrizes como Letícia Sabatella. A Pasta da Cultura chegou a ser exercida na gestão de Lula pelo cantor e compositor baiano Gilberto Gil, um dos ícones do meio artístico brasileiro. Em alguns casos, a reação soa fulminante e solitária. Foi o que se deu com a cantora paraibana Elba Ramalho, que durante um show em Campina Grande, foi surpreendida com gritos de Fora, Temer, procedentes da plateia. Elba reagiu de bate-pronto, dizendo: Fora todos os políticos que são corruptos nestepaís.
Nonato Guedes