O atual senador Cássio Cunha Lima (PSDB), que concorre à reeleição, foi preparado pelo pai, o poeta e ex-governador Ronaldo Cunha Lima, já falecido, para assumir os destinos da Paraíba. A pretensão de Ronaldo era ver o filho no Palácio da Redenção já em 1999, mas foi atropelado dentro do então PMDB pelo senador José Maranhão, que tinha direito à reeleição por ter assumido com a morte de Antônio Mariz em 1995. O clã Cunha Lima, na campanha eleitoral, ficou praticamente sem opções de legenda para concorrer e optou por permanecer no PMDB, migrando, após o pleito, para o PSDB e levando a tira-colo um número expressivo de lideranças no Estado.
A revanche, para Cássio, aconteceu em 2002, quando ele disputou o governo tendo como vice Lauremília Lucena, esposa do ex-senador Cícero Lucena. O adversário de Cássio naquele pleito foi Roberto Paulino, que assumiu a titularidade do mandato com a renúncia de Maranhão para concorrer ao Senado. A batalha foi renhida, embora Paulino não tivesse experiência de eleições majoritárias estaduais. O pleito foi decidido no segundo turno, com Cássio levando vantagem sobre Roberto Paulino. Em 2006, Cunha Lima foi reeleito, e no apagar das luzes da administração, em fevereiro de 2009, teve o mandato confiscado pelo TSE a pretexto de prática de conduta vedada nacampanha e suposta improbidade administrativa. A Justiça Eleitoral está cometendo um dos mais graves erros na história política nacional, desabafou Cássio.
O ex-governador foi deputado federal e prefeito de Campina Grande, tendo tido a sua candidatura ao governo lançada pelo tribuno Raymundo Asfora, já falecido. Asfora ressaltou que a eleição de Cássio significaria uma homenagem a Ronaldo Cunha Lima. Na sua estreia na Câmara dos Deputados, Cássio Cunha Lima reivindicou espaços para os jovens e criticou contradições da legislação e do sistema político vigentes. Cássio lembrou que, com seu ingresso na política, os adversários tentaram desgastá-lo, insinuando que ele seria marionete nas mãos do pai. A verdade foi outra. Ele criou espaços próprios e, gradativamente, começou a forjar sua imagem por todo o Estado, o que foi estrategicamente importante para alavancar seu projeto. Em toda a minha administração, Ronaldo não fez nenhuma intromissão, somente agindo quando solicitado por mim, narrou o ex-governador. Ao candidatar-se ao Senado em 2010, alcançando votação bastante expressiva, Cássio enfrentou uma verdadeira via crúcis para assumir o cargo ele teria sido atingido pelos efeitos da Lei da Ficha Limpa, o que foi contestado por juristas e políticos, lembrando que o dispositivo só produziria resultado em anos subsequentes. Wilson Santiago, o terceiro colocado, assumiu a titularidade enquanto o imbróglio jurídico se desenrolava, com ingresso consecutivo de ações das duas partes.
Cássio Cunha Lima conta que o exercício do poder é desgastante e ele só se torna gratificante para os políticos quando estes podem contribuir com o desenvolvimento do Estado. Foi, segundo acentua, o que procurou executar na Paraíba. Com a morte de Ronaldo, Cássio assumiu papel relevante dentro do PSDB, passando a liderar os filiados na Paraíba e ocupando cargos estratégicos em Brasília. Ele se mostra otimista quanto às suas perspectivas de eleição ao Senado este ano, argumentando que tem serviços prestados à população paraibana.
Nonato Guedes