O governo Ricardo Coutinho (PSB) está em contagem regressiva, já no segundo mandato, o governador optou por não disputar cadeira ao Senado e se mantém à frente do Executivo, o seu partido tem um pré-candidato a governador, João Azevedo, cujo desempenho é uma incógnita, até por se tratar de neófito e, ainda por cima, há bombardeio midiático de grupos oposicionistas para desconstruir a todo custo a imagem do gestor socialista. Como reage Ricardo? Desdenhando dos adversários e até fechando portas para alianças, numa hora crucial em que a chapa está incompleta e, em tese, todo e qualquer apoio seria bem-vindo.
Com Ricardo Vieira Coutinho, não é assim que a banda toca. Passando ao largo das especulações e indícios de que está em desvantagem e desgastado, o governador deu-se ao direito, nas últimas horas, de recusar apoio ou fazer coligação com quem vinha lhe combatendo. Ele rechaçou a hipótese de ter a deputada estadual Daniella Ribeiro, do Partido Progressista, como alternativa ao Senado na chapa de governador liderada por João Azevedo. O argumento? Eles (os progressistas) nos fazem oposição. Mudou alguma coisa? O que me parece é que eles fazem oposição e eu respeito qualquer caminho que cada um queira seguir, obtemperou o chefe do Executivo, sem arrodeios.
O PP paraibano, de fato, tem oscilado muito no arco que abrange o esquema do governador, o PSDB do senador Cássio Cunha Lima e o MDB do senador José Maranhão. Daniella tem perfil combativo como deputada estadual e ainda recentemente cumulou a administração socialista de críticas em virtude do quadro de insegurança pública na Paraíba. Chegou a pedir uma audiência formal ao governador a fim de tratar do assunto. Daniella terá errado de cálculo se imaginou que Ricardo não lhe daria a audiência. Recebeu-a, sim, na Granja Santana, anotou as reivindicações, teorizou sobre os investimentos da sua administração nesse setor vital e ficou de agir dentro das possibilidades e conveniências.
Ultimamente, a deputada Daniella Ribeiro tem se empolgado demais com a ideia de concorrer ao Senado e, mais ainda, com a perspectiva de virar noiva cobiçada, já que, de acordo com as versões, estaria sendo cortejada tanto pelo esquema do governador como pelo do pré-candidato Lucélio Cartaxo e até mesmo pelo grupo do senador José Maranhão. É um quadro de valor, repita-se, e honraria a Paraíba no cenário nacional como primeira mulher a ocupar mandato de senadora. Mas pode estar desperdiçando essa chance por açodamento ou falha de estratégia. Não estou preocupado em quem vai estar contra nós e, sim, com quem vai se alinhar pelo desenvolvimento da Paraíba, expressou Ricardo, paciente e didaticamente.
O governador esnobou Daniella e o PP, agremiação que se jacta de ter valioso espaço de propaganda no Guia Eleitoral na campanha que se avizinha. Talvez não tenha sido esse o sentido da atitude de Ricardo esnobar. Mas é certo que ele procurou colocar as coisas no devido lugar, evidenciando que não aceita imposições nem considera que a eleição esteja previamente decidida a favor de A ou B. Desse ponto de vista, Ricardo está sendo coerente com a personalidade que exibiu para a Paraíba até agora. Na prática, o que ele quis transmitir foi o seguinte: com sua permanência no Palácio, o cafezinho não esfria. Ele continua na cadeira e com a caneta de governador. E ainda tem bala na agulha para fazer um estrago danado nessa atmosfera eleitoral. Quem quiser, aguarde para conferir o desfecho. Nunca Ricardo Coutinho foi tão Ricardo Coutinho quanto agora.
Nonato Guedes