Faltando 154 dias para deixar o governo da Paraíba, o socialista reeleito Ricardo Coutinho, que decidiu permanecer no cargo e não disputar o Senado, mantém sob controle as decisões no seu agrupamento político em torno da composição de chapa às eleições majoritárias de outubro. Ontem, ao comparecer ao velório do jornalista e escritor Severino Ramos, no Salão Nobre da Assembleia Legislativa, acompanhado pelo secretário Luís Torres e pelo deputado estadual João Gonçalves, o governador não entrou em detalhes sobre as últimas definições, mas demonstrou confiança com o ritmo de campanha do pré-candidato ao Palácio, João Azevedo.
As definições aguardadas, por parte do governador, dizem respeito à indicação do segundo nome para concorrer ao Senado e do nome para a vice-governança na chapa de Azevedo (PSB). O DEM e o PTB, por exemplo, mantêm a expectativa de compor a chapa, de olho, sobretudo, na vice-governança, que é reivindicada pelo Democratas para o seu presidente regional, o ex-senador Efraim Morais, atualmente empenhado na reeleição do seu filho, Efraito, à Câmara Federal. O Partido dos Trabalhadores, enquanto isso, mantém a expectativa de integrar a chapa, possivelmente ocupando uma vaga de senador, que seria reservada para o deputado federal Luiz Couto. Até o momento, um candidato a senador está definido na chapa de Azevedo: o deputado federal e ex-prefeito de Campina Grande, Veneziano Vital do Rêgo, ex-MDB, atualmente filiado ao PSB.
Assessores políticos de Ricardo admitem que, além do empenho para eleger João Azevedo à sua cadeira, num confronto com postulantes como Lucélio Cartaxo, José Maranhão e Lígia Feliciano, o governador atua, em paralelo, para derrotar o senador Cássio Cunha Lima (PSDB), de quem foi aliado na campanha de 2010, mas com o qual rompeu. Ambos têm trocado farpas com frequência, ultimamente, pela imprensa. Ele (o governador) não consegue me esquecer, ironiza o senador Cássio Cunha Lima, que está comprometido com a candidatura de Lucélio Cartaxo ao governo do Estado. O parlamentar acredita que o governador está desesperado por não ter fichas decisivas para conseguir eleger João Azevedo ao Palácio da Redenção, enquanto as oposições se apresentam em vantagem e com melhores opções para o eleitorado. O governador tem acusado Cássio de incoerência e de não ter realizado grandes feitos nas duas vezes em que exerceu o mandato.
O deputado João Gonçalves declarou que o governador Ricardo Coutinho tem habilidade de sobra para costurar um esquema influente e poderoso em condições de decidir a seu favor o resultado das eleições deste ano. Salientou, também, que Ricardo possui um elenco de obras públicas de impacto a entregar a populações de cidades paraibanas. Além do mais, há um reconhecimento natural pelo trabalho que ele tem empreendido à frente do governo e pela contribuição dada ao equilíbrio da máquina financeira do Estado, acrescentou.
Nonato Guedes