O jurista Hélio Bicudo, uma das figuras mais destacadas do segmento no Brasil, morreu hoje aos 96 anos de idade, em São Paulo, vítima do agravamento de complicações de saúde que vinha enfrentando. Natural de Mogi das Cruzes (SP), Bicudo foi defensor dos direitos humanos em plena vigência da ditadura militar instaurada em 1964 e, ultimamente, tornou-se controverso por ter subscrito, junto com Miguel Reale Júnior e Janaína Paschoal, o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), afinal consumado por decisão da maioria da Câmara dos Deputados.
Bicudo foi bastante criticado pelos petistas e por setores de esquerda, que chegaram a se empenhar em desconstruir a sua trajetória brilhante, pontuada pela defesa de causas de interesse de militantes políticos execrados em regimes totalitários. Ele exerceu mandato de deputado federal pelo Partido dos Trabalhadores e constou do rol de fundadores da agremiação que tem como expoente máximo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mas se desfiliou do PT quando estourou o escândalo do mensalão, por avaliar que o partido havia sido ferido de morte no princípio ético, a principal bandeira que o diferenciava dos partidos tradicionais.
Professor de Direito no Largo do São Francisco, em São Paulo, Hélio Bicudo esteve, igualmente, na linha de frente das denúncias contra o Esquadrão da Morte, organização para-militar que atuava em São Paulo de forma descontrolada. Procurador Geral de São Paulo, exerceu o ministério da Fazenda no governo João Goulart, que foi deposto pelo golpe de 64. Foi, ainda, vice-prefeito de São Paulo, na gestão de Marta Suplicy, que também foi filiada ao PT mas depois ingressou nos quadros do PMDB. Bicudo ganhou a antipatia de petistas e alguns esquerdistas por ter assinado o pedido de impeachment de Dilma e justificou que o fez por convicção, baseado em evidências que teriam constado dos autos do relatório da Comissão Processante do Impeachment da primeira mulher a ascender à presidência da República.
Nonato Guedes, com agências