Praticamente expulso do Partido dos Trabalhadores na Paraíba por haver se constituído em opção para disputar a prefeitura de João Pessoa, o governador Ricardo Coutinho (PSB) virou a página, perdoou antigos algozes e agora faz afagos a ex-companheiros de jornada, disponibilizando uma vaga de senador na chapa de João Azevedo ao governo ao PT local, que se prepara para anunciar a confirmação do nome do deputado federal Luiz Couto. Os petistas estão em estado de graças com tamanha atenção.
Em 1990, Ricardo disputou o primeiro mandato de deputado estadual pelo PT. Não houve chance de vitória, mas a votação alcançada foi surpreendente. Em 92, ainda no PT, elegeu-se vereador em João Pessoa, reeleito desta feita com 6.917 sufrágios, obtendo o maior percentual naquele pleito. Em 98, Coutinho candidatou-se novamente à Assembleia Legislativa e foi o mais votado em João Pessoa, obtendo, em todo o Estado, 25.388 votos. Petistas reclamaram de suposta infidelidade partidária de Ricardo e moveram céus e terras para que ele fosse enquadrado pela cúpula. Sentindo a dificuldade de garantir espaço para suas pretensões, o hoje governador filiou-se ao PSB e venceu por duas vezes a disputa à prefeitura da Capital, a primeira em 2004, a segunda em 2008. Também nas asas do PSB, logrou eleger-se à chefia do Executivo estadual em 2010, sendo reeleito em 2014.
O governador decidiu permanecer no exercício do cargo, sem concorrer a qualquer mandato legislativo porque foi alertado sobre um governo paralelo que estaria sendo montado pelo clã Feliciano, representado por Lígia, que se tornou vice-governadora do Estado e seu marido, Damião Feliciano. A permanência dele abriu espaço, justamente, para que agora Luiz Couto seja ungido a uma das vagas ao Senado a outra está prometida para o deputado federal Veneziano Vital do Rêgo, ex-MDB, hoje PSB, que votou pelo impeachment de Dilma, mas foi ousado em críticas ao governo de Michel Temer, tendo subscrito proposta para abertura de investigação sobre atos da gestão Temer, o que não foi levado adiante.
O cacife de Ricardo para ser acolhido, agora como parceiro do PT local, foi a sua posição ostensiva de defesa da ex-presidente Dilma Rousseff no processo de impeachment a que ela foi submetida. Mais recentemente, solidarizou-se com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por considerar injusta a sua prisão. Quando Lula estava em liberdade, Ricardo o levou para visitar obras da transposição de águas do rio São Francisco no interior O último gesto de Ricardo endereçado aos petistas foi através da resolução do diretório regional do PSB, que indicou à cúpula nacional a tese de apoiamento à pré-candidatura de Lula a presidente. O lançamento de Couto ao Senado deve ocorrer nesta quarta-feira.
Por Nonato Guedes