A disputa pela indicação de candidatura a prefeito de João Pessoa, no ano 2000, foi o pivôt do sério embate interno travado no Partido dos Trabalhadores, opondo o hoje deputado federal Luiz Couto e ao atual governador Ricardo Coutinho. A tentativa de expulsão de Ricardo do PT pelo chamado Campo Majoritário, formado pela Articulação e pela Democracia Radical, gerou duros embates em encontros do partido que constituíram verdadeiras assembleias. RC era considerado independente, mas sempre fechava com o chamado Campo da Esquerda. Inicialmente, Ricardo foi o escolhido, mas depois renunciou alegando boicote da direção do partido. Ele e Avenzoar Arruda, deputado federal, entraram na linha de tiro dos radicais petistas sob o pretexto de infidelidade. Essa página deverá ser virada hoje, definitivamente, quando for anunciada a participação de Couto como um dos candidatos ao Senado na chapa de João Azevedo (PSB), candidato in pectoris do governador à sua sucessão.
No livro O Partido dos Trabalhadores e a política na Paraíba, Paulo Giovani Antonino Nunes descreve, em detalhes, o processo de conflagração interna desencadeado nas hostes petistas. Conta que Luiz Couto foi inflexível e tomou como questão de honra a expulsão de Avenzoar e de Ricardo Coutinho. Queremos a expulsão. Um deputado federal não pode fazer o que ele fez, ou seja, prejudicar nossa campanha. O deputado Ricardo Coutinho não pode fazer o que ele fez. Por isso, não dá para conviver com essas pessoas, expressou Luiz Couto, na época. Ao saber da intenção do PT em expulsá-lo, Ricardo se pronunciou: Eu só tenho que lamentar profundamente que esse grupo, depois de ter causado tanto prejuízo ao PT, queira causar mais prejuízo ainda alimentando essa guerra interna dentro da agremiação.
Como deputado federal, Luiz Couto priorizou até agora o exercício de um mandato combativo, atuando em Comissões de Direitos Humanos que produziram denúncias de violações e resultaram em ameaças de morte ao parlamentar. Couto, durante certo tempo, teve que se valer de uma escolta de agentes da Polícia Federal para protegê-lo em suas atividades. As ameaças não o intimidaram. Ele focou o alvo, certa vez, em grupos de extermínio que operavam na divisa dos Estados da Paraíba e Pernambuco. Meticuloso, procurou fazer pesquisas de campo e recolher informações irrefutáveis para embasar sua intervenção junto ao governo federal e ao governo do Estado com vistas à adoção de severas punições contra os grupos criminosos.
A atuação parlamentar de Luiz Couto, que também é padre, levou-o ao reconhecimento em forma de prêmios por instituições respeitadas. O site Congresso Em Foco, editado a partir de Brasília e especializado na cobertura dos debates e dos acontecimentos da vida parlamentar, sempre exaltou a obstinação de Couto e o seu espírito de combatividade, listando-o como um congressista orgânico, diante do conteúdo das proposições feitas e da desenvoltura nas Comissões. Não é de agora que uma provável candidatura de Couto ao Senado é cogitada. Em eleições anteriores, quando o PT paraibano adquiriu musculatura, pegando carona nas vitórias de Lula e Dilma, essa mobilização pró-Couto foi ostensiva, mas não passou do papel. Agora, com a ingerência do governador Ricardo Coutinho numa legenda de que fez parte, Couto deverá fazer dobradinha ao Senado com Veneziano Vital do Rêgo, deputado federal, ex-MDB, hoje PSB.
Nonato Guedes