O candidato do PSOL ao governo do Estado, Tárcio Teixeira, divulgou por ocasião do registro da candidatura no TRE as propostas que defenderá junto com a companheira de chapa, Adjany Simplício. Há ideias ousadas e inovadoras, como a de transformar a Granja Santana, residência oficial do governador, num ambiente para o desenvolvimento de políticas públicas não especificadas, ou a de extinguir o cabide de empregos que atualmente beneficia apadrinhados políticos, bem como moralizar o serviço público e tornar a administração efetivamente transparente.
A chapa do PSOL inova, inclusive, na nomenclatura do poder. A candidata a vice-governadora Adjany Simplício é tratada como candidata a co-governadora. Tárcio se compromete a viabilizar uma auditoria popular sobre a situação administrativa do Estado, mediante a verificação da lisura de contratos firmados com empresas para a prestação de serviços e realização de obras. A coligação que reforça a chapa é integrada, ainda, pelo PCB e a proposta de governo agrega 20 temas que foram debatidos até por meio de redes sociais com variados segmentos da população. O compromisso com a efetivação de uma gestão pública transparente faz parte do ideário defendido no plano nacional pelo candidato a presidente da República, Guilherme Boulos, que tem como vice a remanescente indígena Sônia Guajajara, a primeira do segmento a compor chapa presidencial no país.
Focado na construção do poder, o programa de campanha da chapa do PSOL passou pelo crivo da direção, de militantes e filiados das diferentes regiões do Estado, que forneceram subsídios sobre o modus operandi de uma gestão revolucionária na Paraíba. Os gastos com a manutenção da Granja Santana têm sido objeto de polêmica nos últimos anos, com repercussão na mídia jornalística nacional, a partir de denúncias formuladas quando o governador era casado com a jornalista Pâmela Bório, com quem tem um filho. Os dois conduzem um processo litigioso de separação na Justiça. Para o candidato do PSOL ao governo, símbolos como a Granja devem ser encarados como patrimônios pertencentes ao povo que, como tal, devem passar pelo seu crivo.
Numa virtual administração empalmada pelo PSOL, haverá a adoção de justiça fiscal e as despesas do governador e dos secretários serão custeadas com os recursos provenientes dos respectivos salários, sem mordomias ou privilégios. A coligação Construir Poder Popular ressalta que a transparência vai se materializar na prestação de contas à opinião pública sobre o que for gasto e o que vier a ser arrecadado. Da mesma forma, a execução de obras públicas estará condicionada a discussões e audiências com segmentos da sociedade, incumbidos de sinalizar as prioridades no contexto da gestão. A perspectiva prometida pelos representantes do PSOL é no sentido do caminho da democratização de decisões, retirando-as do âmbito de cúpulas de poder.
O Partido do Socialismo e Liberdade repudia práticas consideradas fisiológicas, tais como a distribuição de cargos da máquina pública como recompensa por apoio político. Haverá revisão da estrutura das secretarias que compõem o organograma administrativo da Paraíba e o desmanche de métodos abusivos que constituem a característica dominante no cenário estadual e nacional. A desprivatização de empresas estatais é prioridade de uma virtual administração empalmada por Tárcio Teixeira, que apregoa o controle de atos administrativos por parte da população como essencial para caracterizar um novo estilo de ação. O programa da chapa reserva capítulo ao relacionamento com os Poderes, que será mantido de forma institucional e com base em critérios republicanos. O princípio da participação popular será válido para ações em outras áreas, como a da Cultura, dando voz a quem tem propostas concretas a partir da perspectiva de mudança.
Nonato Guedes