O Democratas, presidido pelo ex-senador Efraim Morais e cujo filho, Efraito, tem atuação destacada na Câmara Federal, foi coerente ao votar pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff mesmo com o partido integrando, na Paraíba, a base de apoio ao governador Ricardo Coutinho, que se posicionou ostensivamente a favor de Dilma e contra o impeachment e os que chamou de golpistas, referindo-se aos que estavam do outro lado nessa questão. Da mesma forma, é legítima a reivindicação do DEM por participação na chapa majoritária de João Azevedo, o candidato a governador indicado por Ricardo, pleiteando a vice-governança para o senador Efraim Morais.
O que complicou tudo, nos últimos meses, foi a estratégia do governador Ricardo Coutinho de se reposicionar no discurso à esquerda, o que o aproximou definitiva e incondicionalmente do Partido dos Trabalhadores, tanto assim que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, da cela da Polícia Federal em Curitiba, deu o sim à inclusão de Couto na chapa de Azevedo, por respeitar a liderança de Ricardo e ser grato a atitudes de firmeza que este tem tomado, mesmo ao preço do enfrentamento de retaliações por parte do governo do presidente Michel Temer. Como não se faz omelete sem quebrar os ovos, vai se criando a impressão de que com a inclusão de Luiz Couto na chapa de Azevedo não haverá espaço para o clã de Santa Luzia alojado no DEM.
Não faltará quem alegue que Ricardo tem patrocinado uma arca de Noé na base de sustentação política que preside e isto é fato indesmentível. A participação de Couto como candidato ao Senado, teoricamente, não excluiria a presença do ex-senador Efraim como candidato a vice-governador. Afinal, Veneziano Vital do Rêgo, que os petistas chamavam de golpista por ter votado pelo impeachment de Dilma, foi acolhido com euforia pelo governador ao deixar o MDB e feito pré-candidato ao Senado. De Luiz Couto, Veneziano ganhou, ontem, o tratamento de companheiro, o que é justo, uma vez que ambos estão numa mesma chapa, detentora de um mesmo avalista de peso e influência Ricardo Coutinho. Mas Veneziano tinha um álibi forte para ser liberado da pecha de golpista: a atitude independente, tomada quando estava no MDB, endossando a acolhida de denúncia contra o presidente Michel Temer para exame, pela Câmara, de um virtual processo de impeachment do ex-vice de Dilma. Isto rendeu a Veneziano punição disciplinar no MDB, e pontos valiosos junto aos simpatizantes de Lula, Dilma e PT. Não é o caso dos Morais, que jamais fizeram concessão a petistas e agregados, exceto o gesto de Efraim pai dando posse a Lula no primeiro mandato por força do ofício que exercia, a presidência da Câmara Federal.
A lealdade e a colaboração do DEM ao governo de Ricardo Coutinho são fatos que não podem ser ignorados, independente da conjuntura política nacional. O deputado Efraim Filho fez-se gigante, dentro dos seus limites, para apor emenda de bancada favorecendo programas da administração socialista na Paraíba. Com Ricardo, então, aparentemente, nenhum problema. Com os petistas, ainda, sim. Há petistas que nutrem ódio visceral aos Morais e a outras figuras do DEM. Este é um ponto de impasse, e já se fala que o DEM ensaia conversas com o senador emedebista José Maranhão, candidato ao governo. É o jogo da política, que nem sempre acomoda a todos no mesmo barco. A conferir!
Nonato Guedes