O senador paraibano Raimundo Lira (PSD) foi um dos primeiros a decidir não disputar a reeleição este ano nem concorrer a qualquer outro mandato eletivo. Agora, outros 21 senadores são listados pela imprensa como não-candidatos à reeleição, mas, em muitos casos, partirão para a disputa de outros mandatos. É o caso de Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT, senadora pelo Paraná, que vai ser candidata a deputada federal. E do senador Aécio Neves, ex-candidato a presidente da República pelo PSDB, que também vai disputar mandato à Câmara, onde já pontificou.
Em relação a Aécio, a inversão de mandatos foi decidida em paralelo com o anúncio da ex-presidente da República Dilma Rousseff de que será candidata pelo PT ao Senado, por Minas Gerais. Derrotado por Dilma na campanha à presidência em 2014, Aécio teria preferido não se arriscar a um novo confronto com ela, como justificam aliados seus. O parlamentar, de resto, ficou desgastado com denúncias associando o seu nome a recebimento de propina, que vazaram das investigações da Operação Lava Jato. Aécio já foi deputado federal e chegou a ser cogitado como alternativa à sucessão presidencial este ano, mas foi descartado diante dos informes negativos a seu respeito.
O senador Raimundo Lira foi eleito pela primeira vez na Paraíba em 1986, quando era chamado de azarão por nunca haver disputado mandatos políticos. Acabou tornando-se um fenômeno e derrotou nas urnas um campeão de votos o ex-governador Wilson Braga. Concluído o mandato, Lira ainda avaliou outros cenários em que se enquadrasse para continuar na política, mas preferiu retomar os empreendimentos na área automobilística. Em 2010, foi incluído como primeiro suplente de Antônio Vital do Rêgo e ascendeu à titularidade quando este renunciou ao mandato para ocupar cadeira de ministro no Tribunal de Contas da União. Em poucos meses de atuação, Lira projetou-se no Senado, neste retorno, sendo figura principal na Comissão Processante do Impeachment de Dilma Rousseff. Também destacou-se por empalmar a bandeira municipalista, acolhendo prefeitos e vereadores em seu gabinete em Brasília e encaminhando reivindicações junto a órgãos competentes no âmbito federal. Lira se desfiliou do MDB e ingressou no PSD, que foi presidido pelo deputado federal Rômulo Gouveia, recentemente falecido.
A representação do Senado Federal compõe-se de 54 integrantes, oriundos de diferentes Estados. A senadora Ana Amélia não concorrerá à reeleição porque está inscrita como candidata a vice-presidente da República na chapa do ex-governador de São Paulo, Geraldo Alcmin, do PSDB. Senadores como José Agripino Maia, do DEM do Rio Grande do Norte, Lídice da Mata, do PSB da Bahia e Armando Monteiro (PE) deverão concorrer a mandatos de deputado federal em outubro.
Nonato Guedes