Morreu aos 76 anos de idade, no início da noite de ontem, em João Pessoa, o jornalista e historiador Nelson Coelho, ex-superintendente do jornal A União, pai do prefeito de Sobrado, George Coelho. Natural de Santa Luzia, Nelson Coelho atuou no gabinete do governador Pedro Gondim, no início dos anos 60. No jornalismo, começou na redação de A União fazendo a cobertura das crônicas política e policial, além de cobrir as atividades do chefe do Executivo.
Nelson dizia não ter a veleidade de sentir-se destacado como escritor, historiador ou jornalista, mas observava: Assiste-me continuada disposição de aprimorar sempre as atividades que exerço para ser digno da história paraibana e respeitado pelos contemporâneos. Durante cerca de 50 anos, Nelson foi testemunha ocular de episódios marcantes da vida pública paraibana e sobre eles escreveu do seu ponto de vista, sem fazer concessões. Filho de Abel da Silva e Severina Coelho Marinho, Nelson incursionou pelo radiojornalismo, na rádio Arapuan e no Correio da Paraíba, apresentando os programas Jogo Aberto e Chumbo Grosso. Manteve, também, o programa Tribuna Livre, em emissora da cidade de Guarabira.
Em 1995, Nelson Coelho foi diretor-técnico de a União, o órgão de imprensa oficial do Estado. Tornou-se ativo animador cultural, ajudando a movimentar A União com a coordenação de série histórico que denominou de Paraíba Nomes do Século, arregimentando colaborações valiosíssimas de autores locais e de repercussão nacional. Também coordenou o tablóide A Paraíba nos Quinhentos Anos do Brasil, em 1999, num total de sessenta números. Juntamente com o jornalista Hélio Zenaide escreveu À Margem da Política, reconstituindo fatos polêmicos e folclóricos da militância política. Em Do Gulliver ao Campestre sofreguidão e desabafo, Nelson abordou o incidente em que o ex-governador Ronaldo Cunha Lima atirou em Tarcísio Burity e o episódio em que Ronaldo desentendeu-se durante solenidade, em Campina Grande, com o então governador José Maranhão.
– Impacienta-me observar um irreconhecível painel na atual mídia estadual, na qual se identificam a burrice, a total falta de cultura política e ignorância histórica sobre a vida republicana da Paraíba, na maioria dos seus profissionais, descomprometidos com seu futuro. Invade-me o sentimento de pena, quase comiseração, ao assistir à plástica objetiva de certos bons-moços (profissionais da cavação) suplantar a burrice objetiva e subjetiva de outros (jornalismo forçado) que fazem praça na imprensa paraibana como formadores da opinião pública desabafou Nelson em um dos seus escritos. Para ele, somente o jornalismo sério transformava o profissional competente em quase ídolo da sociedade. Impondo-se, o jornalista ganha credibilidade, raciocinava.
Adotando um estilo passional e, na maior parte das vezes polêmico, Nelson Coelho escreveu ainda Testemunha da História. Ele cobriu campanhas políticas controversas no Estado, mobilizações como a das Ligas Camponesas em Sapé e outros municípios da região da várzea da Paraíba e acontecimentos de repercussão nacional como a votação da Emenda Dante de Oliveira, que restaurava as eleições presidenciais diretas em 1984 e que foi derrotada no âmbito do Congresso Nacional. Fez entrevistas com personalidades de destaque no Brasil e no exterior. Meus únicos compromissos são com o jornalismo, a história, a política e a ética, afirmou Nelson num dos seus escritos.