Com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva preso, condenado em segunda instância por corrupção e lavagem de dinheiro e enquadrado na lei como ficha-suja, o Partido dos Trabalhadores prepara artifícios para vincular a imagem do líder petista à do ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, o sucessor natural com a vindoura impugnação da candidatura do favorito pelo TSE. Nesse sentido, haverá a edição de vídeos de Lula da Silva em caravana recente pelo Nordeste, a serem veiculados no programa eleitoral na TV durante a campanha de Haddad. A utilização dos vídeos é uma estratégia para contrapor críticas aguardadas de que a chapa Haddad/Manuela DAvilla (PCdoB) é sulista e branca.
Há receio por parte dos estrategistas do PT de que Haddad não seja reconhecido como o sucessor de Lula pelo eleitor do Norte e Nordeste, regiões que, historicamente, votam em peso no Partido dos Trabalhadores. Em paralelo, informou-se que a nova caravana de Lula pelo Nordeste vai virar documentário pelas mãos de um cineasta que já trabalhou com o ex-presidente da República. A Agência O Globo, por outro lado, revela que expoentes de chamados partidos nanicos de extrema esquerda, que foram críticos à gestão Lula, por eles considerada pouco progressista, agora fizeram as pazes com o ex-presidente e formaram alianças com legendas maiores para as eleições deste ano.
Em 2014, o Partido da Causa Operária (PCO) e o Partido Comunista Brasileiro (PCB) lançaram candidaturas próprias à Presidência. Neste ano, vão formar coligações com o PT e o PSOL, respectivamente. O fim do governo petista reaproximou o nanico PCO, Partido da Causa Operária, que nasceu em 1995 como uma nova dissidência trotskista do PT, de suas origens. A justificativa é o momento de polarização política. Antônio Carlos Silva, dirigente do PCO no Rio de Janeiro, avalia que o Brasil hoje vive uma ditadura e que a esquerda precisa se unir para passar por cima das decisões do Judiciário e restabelecer o funcionamento das instituições.
– Fomos o partido que mais lutou contra o golpe e deixamos claro que a situação não iria ser resolvida pelo Congresso Nacional. Não lançamos candidatura agora porque estamos vivendo um momento excepcional, em que o mais importante seria a volta da normalidade democrática do país expressou Carlos Silva. Por isso, Rui da Costa Pimenta, presidente do partido que se candidatou a presidente nas últimas quatro eleições presidenciais, sempre com resultados inexpressivos, optou por ficar fora da disputa neste ano. A filha de Rui, Natália Pimenta, participou da convenção nacional do PT no último sábado, hipotecando apoio aos petistas. A exceção, no arco das forças de esquerda, é o PSTU Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado, que lançou a sapateira sergipana Vera Lúcia à Presidência, com Hertz Dias, professor da rede pública do Maranhão, como seu vice. A presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann, afirmou que o partido tomará as medidas necessárias para a participação do vice Fernando Haddad nos debates eleitorais, caso o ex-presidente Lula permaneça impedido de participar. Gleisi disse que o PT vai tomar todas as medidas para participação do Lula e, se não conseguir, para a participação de Haddad nos debates.
Da Redação, com Leandro Mazzini, da coluna Esplanada