O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, pediu responsabilidade às lideranças do MST (Movimento de Trabalhadores Rurais Sem Terra) que prometem juntar cinco mil pessoas numa manifestação amanhã, em Brasília, por ocasião do registro da candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), à Presidência da República, tendo como vice o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad. A candidatura de Lula é questionada, informalmente, por ministros do TSE, que consideram impraticável o registro por estar ele preso, cumprindo pena de 12 anos e 1 mês na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba.
A insistência do PT em formalizar o registro de Lula, desafiando as restrições legais que são bastante claras, demonstra que a cúpula presidida pela senadora Gleisi Hoffmann, do Paraná, não cogitou, de fato, desistir de ter o ex-presidente como postulante. Haddad é visto como sucessor natural de Lula para a cabeça de chapa, uma vez confirmada a rejeição do registro, tendo como vice a deputada estadual Manuela DAvilla, do PCdoB do Rio Grande do Sul, que já abriu mão da candidatura a presidente para estar disponível para fazer parte da chapa petista. O ministro Raul Jungmann, ao pedir, ontem, responsabilidade às lideranças que estão no entorno de Lula, advertiu que as forças de segurança estarão em posição de alerta para coibir abusos e incidentes na manifestação para o registro da chapa lulista.
Hoje, a ministra Rosa Weber assume a presidência do Tribunal Superior Eleitoral seis anos depois de ingressar na Corte e tendo um encontro marcado com a crise política em face da tentativa de registro de Lula marcada para amanhã. Militantes petistas prometem cercar o TSE para dar massa e conteúdo ao desafio que farão à Justiça. Em abril último, apesar de já ter votado contra a prisão após condenação em segunda instância, Rosa defendeu a colegialidade e acostou-se à maioria dos ministros. Essas características a fizeram adquirir fama de discreta, dura e esfinge em um dos episódios mais importantes para o Judiciário em 2018: o julgamento do habeas corpus do ex-presidente no Supremo. O pedido foi negado por 6 votos a 5, com Rosa Weber formando com a corrente majoritária.
Na presidência do Tribunal Superior Eleitoral, ela sucederá ao ministro Luiz Fux, que comandou, ontem, sua última sessão como dirigente da Corte, cargo assumido em fevereiro. Ele fez um balanço da atuação e disse que realizou tudo o que foi possível, não só no plano interno do tribunal como no plano externo. A gestão de Fux concentrou-se em preparar a eleição de outubro e buscou alternativas para combater as fake News, notícias falsas que são disseminadas através da internet. O ministro frisou que o tribunal agiu de forma independente e comparou que houve dissenso, porém, não discórdia no âmbito da instituição. Avaliou que o TSE conseguiu otimizar as sessões, debater os processos e tratar as divergências no plenário.
Nonato Guedes, com agências