Confirmando o que se previa, está em curso a pirotecnia montada pelo Partido dos Trabalhadores, por ordens expressas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para desmoralizar as instituições brasileiras. A orquestração consiste em forçar a barra para que seja registrado como candidato a presidente da República um presidiário, ou seja, Luiz Inácio Lula da Silva, condenado a 12 anos e 1 mês de prisão, atualmente cumprindo pena na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba sob acusações de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e obstrução da Justiça. Há brechas, por mínimas que sejam, para que o pedido de registro de um presidiário como candidato a presidente da República dê entrada no TSE. O que não há é brecha para Lula ser registrado como tal, salvo se o Judiciário tiver decidido capitular de vez.
É uma lástima para a democracia que se dê andamento a esse espetáculo que não tem outro objetivo senão o de achincalhar as instituições, desmoralizar a democracia em vigor, empalmar o Poder na marra, e não no voto, tirar da cadeia o capo do que foi descrito como uma organização criminosa em que se transformou o PT ainda ao tempo do julgamento do mensalão, de saudosa memória, conforme a definição do então ministro Carlos Ayres Britto, um sergipano que se tomou de horrores com o que foi apurado em termos de conduta deletéria praticada pelo Partido dos Trabalhadores sob conhecimento do então líder maior Luiz Inácio Lula da Silva. Nunca houve Plano B dentro do PT para a hipótese de Lula não ser registrado candidato, simplesmente porque o PT nunca trabalhou com essa hipótese. Lançou mão do aparelhamento infiltrado em organizações distintas, inclusive na imprensa (Alô Mino Carta e a CartaCapital), ludibriou militantes famintos e sem dinheiro a passar fome em Curitiba e em Brasília para pretextar ao mundo solidariedade a Lula, atraiu inocentes úteis como o Prêmio Nobel argentino Adolfo Perez Esquivel para a pantomima da vitimologia em cima de Lula, o ardiloso que não pode ser punido por nada, embora tenha feito muita coisa.
Nesse ponto, tire-se o chapéu para a doutora Gleisi Hoffmann, senadora pelo Paraná, mulher de um ministro do governo Dilma que foi incriminado ao saquear dinheiro de fundos de pensão de humildes trabalhadores. Gleisi, por sua vez arrolada em processos judiciais pelo recebimento de propinas que somariam 1 bilhão de reais, tenta posar como a Santa Madre da Igreja o que nunca foi nem nunca será e foi autora do prognóstico de que, não havendo Plano B, o candidato do PT a presidente seria Lula. Pode ser a estratégia é esticar a corda até setembro para aferir se dá para comboiar votos para o falso Lula, o Fernando Haddad, um canastrão que se elegeu à prefeitura de São Paulo mas não foi reeleito e que foi um desastre como ministro da Educação. Mas que é o único homem da confiança de Lula para fazer o papel de alter-ego seu, pela simples razão de que não faz sombra, o que o ex-mandatário detesta.
Não sei, sinceramente, até que ponto o Partido dos Trabalhadores está mesmo empenhado em salvar a pele do líder maior, Luiz Inácio Lula da Silva, ou se não está contribuindo, indiretamente, para a queimação do mito personalista que sempre se julgou mais importante que o PT, embora a trajetória de ambos se confundissem, na alegria (do viva o pudê) à tristeza ou à desgraça de ver petistas encarcerados, num vai-e-vem de presídios, ao invés de frequentar auditórios de debates sobre a realidade nacional. O Partido dos Trabalhadores já era está sendo prejudicado colateralmente pelas bravatas de Lula, Gleisi, de Lindbergh Farias e de outros petistas que, na falta de outra definição, poderiam ser classificados como porra-loucas, porque querem investir contra o império da Lei e o princípio da democracia. A pantomima que está no ar não comove a opinião pública brasileira ou internacional. Convenhamos: o PT está indo longe demais com esse enredo, sem perceber que o guante da Lei está cada vez mais próximo dele. E que uma trajetória que parecia épica no nascedouro termina de forma melancólica. Para o PT, para Lula, e para a democracia!
Nonato Guedes