Há um clima de desapontamento, dentro do Partido dos Trabalhadores, com setores de esquerda engrossem o coro dos que não acreditam mais na viabilidade de uma candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República. A senadora Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT, afirmou que considera surpreendente que algumas vozes do nosso campo político aceitem a premissa falsa de que Lula está inelegível.
As declarações críticas a segmentos de esquerda fazem parte de uma tática para neutralizar a repercussão da suposta inelegibilidade de Lula, que estaria sendo admitida em meios sindicais, políticos e jurídicos. Expoentes nacionais do PT admitem, em off, que o verdadeiro objetivo dessa estratégia é evitar uma dispersão de votos que venha a sacrificar o saldo das outras candidaturas petistas nas eleições deste ano em todos os Estados. Premidos pela insegurança jurídica quanto à candidatura real de Lula, parlamentares de alguns Estados estão impondo a diretórios regionais o fechamento de acordos com outras agremiações, por uma questão de sobrevivência política.
A alegação feita é de que a cúpula não terá condições de socorrer com apoio logístico candidatos a governador, senador e deputado que contavam com a presença do ex-presidente Lula em seus palanques. Uma coisa dizem é apresentar gravações com a voz de Lula recomendando candidatos a postos eletivos; outra coisa é ter o próprio Lula no palanque a céu aberto, inclusive, como candidato a presidente da República. A elegibilidade de Lula, questão controversa para muitos analistas, começou a ser debatida concretamente hoje com a insistência da cúpula nacional petista de efetuar o registro de uma chapa encabeçada por Lula à sucessão presidencial, tendo como vice o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad. Em tom confidencial, advogados do Partido dos Trabalhadores já deixaram claro que pretendem afrontar o TSE mesmo que a Corte impeça Lula de aparecer no horário eleitoral. Faria parte da tática para confundir o processo. Uma questão que preocupa seriamente os magistrados e postulantes que precisam de definições para elaborar melhor o conteúdo de suas táticas de campanha.
Nonato Guedes, com agências