Há praticamente um ano, no dia 14 de agosto de 2017, por ocasião de um evento na cidade de Guarabira, no brejo paraibano, o engenheiro João Azevêdo, então secretário de Infraestrutura do Estado, teve a sua pré-candidatura ao governo pelo PSB lançada pelo governador Ricardo Coutinho, gerando surpresa nos meios políticos pelo fato de ele ser um técnico sem nunca ter disputado mandatos. Em paralelo, havia políticos do staff do governador interessados em ser ungidos à candidatura à sua sucessão, como o deputado estadual Gervásio Maia, presidente da Assembleia Legislativa, e a deputada Estelizabel Bezerra.
Ricardo fixou-se no nome de João como opção definitiva, por identificar nele um conhecedor da obra administrativa desenvolvida em dois períodos de gestão e um continuador dessas realizações. Gervásio, ao pressentir a tendência de Ricardo por outro nome, deliberou candidatar-se a deputado federal e passou a trabalhar para ampliar redutos em regiões do interior, além da microrregião de Catolé do Rocha, onde tem predominância. A obsessão do governador em ter um continuador de sua confiança levou-o a desdenhar, por um tempo, da pré-candidatura da vice-governadora Lígia Feliciano, do PDT, chegando a insinuar que ela e o marido, o deputado federal Damião Feliciano, estavam tentando montar um governo paralelo na sua administração.
Só recentemente, surpreendendo os meios políticos, Ricardo se recompôs com o clã Feliciano e foi batido o martelo da continuidade de Lígia como vice-governadora, agora no papel de candidata na chapa de João Azevedo. Nem Lígia nem Damião reagiram a provocações ou insinuações do governador. A vice-governadora, pelo contrário, chegou a exaltar feitos positivos da gestão socialista e a se considerar sócia ou partícipe desse saldo. A verdadeira história da relação de raiva e de distensão do governador para com os Feliciano será contada após as eleições, insiste uma fonte palaciana, íntima de Ricardo, sem adiantar qualquer pista. Quem os vê a João e Lígia agregados em propaganda nem de longe imagina que houve um quiproquó, ou até mesmo, uma queda-de-braço antes que a fotografia final fosse batida.
Dirigentes estaduais do PSB alertam que a estratégia, agora, é no sentido de mirar os concorrentes de João Azevedo e Lígia, que são Lucélio Cartaxo, José Maranhão e Tárcio Teixeira, este no papel de franco-atirador. Isso exigirá um clima permanente de unidade nas nossas hostes e por isso não iremos permitir conflitos desnecessários e prejudiciais, frisou um assessor da campanha de João Azevêdo. Ao mesmo tempo, o candidato oficial está sendo subsidiado com informações minuciosas sobre programas administrativos e, também, sobre falhas do governo, para não dar vexame em debates com outros postulantes que querem desgastá-lo e desgastar o governador Ricardo Coutinho.