A denúncia do senador José Maranhão (MDB) de que foi vítima de fakenews o boato infundado, espalhado em redes sociais, de que ele estaria gravemente doente e na iminência de desistir da candidatura ao governo coloca o parlamentar paraibano ao lado de personalidades que foram alvos de mentiras, como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o juiz Sergio Moro e a ministra Cármen Lúcia, presidente do Supremo Tribunal Federal. A avalanche de notícias falsas no universo on-line chamou a atenção mundial depois do impacto aparentemente decisivo que elas tiveram na eleição americana de 2016, que resultou na vitória de Donald Trump.
A revista Veja, numa reportagem publicada acerca do tema, disse ter analisado 534 postagens com mentiras disseminadas sobre a política brasileira no Facebook, publicadas em doze páginas conhecidas por abrigar fake News. No mesmo texto, Veja listou um ranking com os nomes mais cotados, exemplos de frases ou inverdades atribuídas a eles. O primeiro caso citado foi o do ex-presidente Lula, a quem se atribuiu a frase: Vou ser presidente mesmo que passe por cima de Sergio Moro. Sobre o presidente Michel Temer recaiu a lorota de que ameaçava tirar a internet do Brasil. Sergio Moro foi mencionado em uma notícia que dizia ter ele admitido não possuir provas contra o ex-presidente Lula, baseando-se em mera convicção a sentença condenando o líder petista a 12 anos e 1 mês de prisão.
A manchete Pesquisa aponta Gilmar Mendes como o homem mais detestado do país ganhou foros de verdade, embora não viesse acompanhada de detalhes precisos sobre a cotação perante a opinião pública do ministro do Supremo Tribunal Federal. De Aécio Neves, senador por Minas Gerais, foi dito que ameaçara deixar o Brasil se Lula fosse eleito. A ex-presidente Dilma Rousseff foi citada como tendo dito que Lula estava acima das leis e, portanto, merecia respeito. Jair Bolsonaro foi alcançado com esta fake News: Bolsonaro quer o fim do IPVA. Cármen Lúcia, presidente do Supremo Tribunal Federal, teria prometido fazer uma limpeza política no Brasil, tarefa que não é propriamente da sua competência. Uma fake News que seria cômica se não fosse trágica bradava: Agente penitenciário denuncia: Sérgio Cabral jurou Garotinho de morte. E o deputado federal Jean Wyllys foi mencionado por ter supostamente proposto emenda à Bíblia para retirar termos homofóbicos, uma referência que ganhou o campo de episódios hilários.
Veja forneceu sete dicas para não se deixar enganar por fake News: checar a credibilidade da fonte; ficar atento à data da publicação; observar o link da notícia; prestar atenção à aparência do conteúdo e da página; verificar se a reportagem contém referências, pesquisar a credibilidade do autor e, por último, não acreditar em tudo o que amigos e familiares compartilham. No ano de uma eleição presidencial imprevisível, 83% dos brasileiros já se preocupavam com a enxurrada de notícias falsas que circulam na internet, ainda no começo deste ano. Este foi o resultado de uma pesquisa feita a pedido da revista Veja pela consultoria Ideia Big Data, com 2 0004 pessoas, ouvidas por telefone entre 9 e 10 de janeiro de 2018. O compartilhamento de notícias é feito através de redes sociais e de grupos de WhatsApp. E a recomendação maior, tida como mais eficaz, é a de que haja um monitoramento sistemático das notícias disseminadas, ou seja, uma vigilância por parte de grupos ativos da sociedade.
Nonato Guedes