Pelo menos seis ex-senadores da Paraíba deixarão de concorrer a mandatos eletivos este ano, embora a maioria deles assegure participação em campanhas de familiares ou de companheiros de militância. A causa principal alegada para o afastamento da disputa é o desencanto com a atividade política. O ex-senador Cícero Lucena (PSDB), que chegou a primeiro-secretário do Senado, é um dos mais radicais na decisão de não voltar a tentar o Senado, observando que o processo de candidatura e de atuação é sempre desgastante.
Invariavelmente mencionado a cada disputa majoritária estadual como alternativa ao Senado, este ano o empresário Ney Suassuna não chegou sequer a ser lembrado para a disputa eleitoral. A exclusão de Ney é reforçada pela sua ausência da Paraíba, uma vez que cuida preferencialmente de negócios empresariais que têm o Rio de Janeiro como base de operações mas possuem tentáculos até no exterior. Ney, que chegou a vice-líder do governo Luiz Inácio Lula da Silva, já foi chamado na Paraíba de Senador do Zé, referência à dobradinha que fez com o ex-governador José Maranhão, com quem teve divergências e atritos sérios que abalaram a própria relação de amizade. Não há registro, também, de que Suassuna pretenda apoiar, em termos logísticos, algum candidato com quem tenha afinidade no Estado este ano.
Marcondes Gadelha, que foi senador apenas uma vez, eleito em 1986 pelo PFL, atualmente exerce o mandato de deputado federal pelo PSC, tendo assumido com a morte de Rômulo Gouveia (PSD), mas já avisou que nem a reeleição pretende disputar e que o representante do clã na disputa à Câmara será o seu filho Leonardo, que já ocupou a deputação federal e até pouco tempo era presidente nacional do INSS. Efraim Morais, presidente do diretório regional do Democratas, que também cumpriu um mandato de senador, tentou, este ano, figurar na chapa do candidato a governador João Azevedo (PSB) como vice, mas não teve espaço e a vaga acabou continuando com a atual vice-governadora Lígia Feliciano, do PDT. Efraim vai dedicar energias à reeleição de Efraim Filho como deputado federal.
O senador Raimundo Lira (PSD), no exercício do mandato,é outro que não cogita renovar o mandato. Afastado há mais de 30 anos da atividade política, ele voltou à cena na condição de suplente de Vital do Rêgo Filho, nomeado para ministro do Tribunal de Contas da União. Passou a ter uma atuação destacada em Brasília, com foco na bandeira do municipalismo, mas disse ter feito reflexões sobre os riscos da atuação política que o convenceram da inutilidade de renovar o mandato. A primeira vez em que Lira se elegeu ao Senado foi em 86 ele constava como azarão na bolsa de apostas, por não ter disputado, até então, qualquer mandato eletivo. Acabou surpreendendo a todos e abiscoitando a vaga que era tida como cativa do ex-governador Wilson Leite Braga.
No retorno recente ao Senado, presidiu a Comissão Processante do Impeachment de Dilma Rousseff e desfiliou-se do MDB, por onde iniciou a carreira política. Enfim, o presidente estadual do PTB, Wilson Santiago, que teve seu nome cogitado para o páreo majoritário, passará à distância do Senado. Ele ocupou o mandato de senador por cerca de dez meses, em 2011, quando o mais votado Cássio Cunha Lima (PSDB) foi vítima de erro de interpretação do TSE e teve obstaculada a sua posse, apesar de ter alcançado hum milhão de votos. A Mesa do Senado acabou dando ganho de causa a Cássio e determinando sua investidura. Foi esse mandato conquistado em 2010 que ele tenta reassegurar no pleito deste ano.
Nonato Guedes