Duas palestras com um quê nerd e muito assunto sobre tecnologia a serviço da transparência pública, participação do cidadão na política e uso de dados marcaram a tarde deste sábado (18) no IV HackFest+ Virada Legislativa. O evento, que acontece em parceria com a Câmara Municipal de João Pessoa e diversos parceiros entre entidades públicas, acontece até este domingo (19), na Estação das Artes Cabo Branco, no Altiplano, em João Pessoa. O mote foi como as tecnologias podems ser utilizadas e gerarem benefício coletivo.
Na primeira intervenção, o diretor executivo do ITS-Rio, Fabro Steibel, abordou “A mudança vem pelo código: blockchain, Inteligência Artificial e chatbots”. Ele mostrou como essas tecnologias podem ser aplicadas, entre outras situações, ao serviço público, quando se têm muitos dados, na maioria das vezes, difíceis de serem interpretados, A Inteligência Artificial pode ser algo pertinente para resolver problemas que envolvam tais dados. Assim, é possível se bem utilizada, para achar melhorias e soluções que sirvam à administração pública e à coletividade, por exemplo.
Ele explicou que, por tentativa e erro, a IA vai fazendo testes, modificando as tentativas de resolver os problemas e criando uma memória a partir disso. “A IA é capaz de aprender com você e gerar um banco de dados a partir das experiências. Aprende com o humano por tentativa e erro, aprende como nós e resolve problemas, é um algoritmo, uma fórmula” comentou Fabro Steibel.
Segundo Fabro, resolver problemas matemáticos para conseguir soluções ainda é limitado, pois a IA ainda não consegue dar conta de levar em consideração os contextos e questões subjetivas que extrapolam as soluções dadas pela IA.
A maioria dos usuários de IA são governos, na gerência de dados públicos. Para isso, à entidade é importante pensar como empresa de dados, desvendar padrões e respeitar dados pessoais. Os resultados podem surgir com iniciativas que potencializem e direcionem as ações públicas e sociais, a exemplo do combate à fraude em contratos e do diagnóstico de doenças por programas computacionais.
O melhor uso para confiança
O Blockchain foi traduzido como uma tecnologia nova, utilizada no aplicativo Mudamos, inclusive. O melhor dele é a confiança. Na coleta eletrônica de assinaturas, o maior desafio era saber se aquela assinatura seria reconhecida como sua de fato, o que induz a uma construção de uma democracia digital.
Utilizar o blockchain pode ser útil no combate à desconfiança, em contratos licitatórios, no registro de dados, como na expedição de diplomas, em vez de você receber um diploma físico, cria-se um arquivo digital com a foto do diploma a qual ficará num servidor e disponível online para verificação de autenticidade e nunca será modificada.
Os chatbots foram traduzidos na palestra como aqueles atendimentos que falam com você, em que uma aplicação, atendente virtual, lhe orienta ou traz informações que vão o ajudar. Alda, uma policial virtual, será implantada no sistema de segurança do Rio de Janeiro. Ela reunirá dados, vai interagir e informar. Segundo o palestrante, esta é outra aposta para as instituições públicas.
Parlamento aberto
O coordenador do Laboratório Hacker da Câmara dos Deputados, Cristiano Ferri Soares de Faria, abordou “Construindo um Parlamento Aberto” na segunda exposição da tarde. Ele apresentou o conceito de parlamento aberto e como se tenta implementar o parlamento do século XXI, que seja atualizado, conectado, tenha participação popular, que seja mais compreensivo com o cidadão a ponto que ele esteja atuante e fiscalizador do processo legislativo e da atuação parlamentar.
Podemos aproveitar a inteligência coletiva para ter leis mais legítimas e ter leis melhor elaboradas, o que implica melhorias para toda a sociedade. Práticas de participação social e transparência legislativa geram muito potencial para se ter um parlamento aberto. Tecnologia e ferramentas, nós já temos. O desafio é internalizar isso nas câmaras, nos parlamentos. Fazer com que os parlamentares entendam e utilizem todas as possibilidades de participação do cidadão de maneira integrada o melhor possível, comentou Cristiano Ferri Soares.
Ele reforçou que é preciso pensar em como modernizar o regimento interno ou o processo legislativo de uma casa legislativa incluindo momentos que sejam abrangentes no tocante à participação popular.
O HackFest
HackFest + Virada Legislativa teve início na quinta-feira (16) com palestras e um toró de ideias e termina neste domingo (19), quando serão conhecidos os resultados da Maratona por Mudanças, carro chefe do evento, que é uma realização do Núcleo de Gestão do Conhecimento e Segurança Institucional do Ministério Público da Paraíba (NGCSI/MPPB), Câmara Municipal de João Pessoa (CMJP), Controladoria Geral da União, Tribunal de Contas da União, Prefeitura de João Pessoa (PMJP), Laboratório Analytics da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) e Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), segue nesta sexta, sábado e domingo na Estação das Artes, em João Pessoa.
O HackFest, que tem o patrocínio do Banco do Brasil, do Governo Federal e da Energisa, conta com o apoio de mais de 30 instituições parceiras: Ministério da Justiça, Cade, Transparency International, Contas Abertas, TJPB, MPDFT, Cade, Atricon, MPF, Aspol, Adepdel, ANTC, AMPB, Funifier, ADPF, PM, IAI, AMPB, CGE, TCE, UFPB, Ministério Público Militar, Castanhola, Ajufe, Anid, Data Robot, Five ACTS, RFB, SindContas, Fab Work, Esat, Unipê, Conductor, Ibis e Hotel Manaíra e SER.
Haryson Alves