O presidente Michel Temer (MDB) cumpre um roteiro melancólico na campanha eleitoral deste ano. Com índice de aprovação de apenas 4% junto a segmentos da opinião pública, ele é rejeitado na campanha eleitoral de candidatos da base aliada do governo, quer ao Planalto, quer nas disputas estaduais. Por outro lado, um levantamento feito por UOL mostrou que as reuniões com parlamentares caíram 48,3% desde sete de julho, quando a campanha eleitoral começou. De primeiro de janeiro a seis de julho, Michel Temer teve 508 audiências com deputados federais e senadores. Entre sete de julho e 12 de agosto, foram apenas 52 audiências.
O clima de fim de governo e a rejeição da participação de Temer em palanques como cabo eleitoral de candidatos em disputas acirradas sinalizam para o ostracismo do ex-vice-presidente de Dilma Rousseff, investido no cargo com o impeachment da petista. Nas redes sociais, os postulantes que compõem a base evitam mencionar o nome de Temer ou fazer referências ao seu governo. Ele chegou a cogitar uma candidatura à reeleição, mas viu-se na contingência de desistir do intento por absoluta falta de receptividade a partir da sua própria legenda. O MDB acabou optando pela candidatura do ex-ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, que procura se desvincular da atual gestão federal.
Michel Miguel Elias Temer nasceu na cidade de Tietê, São Paulo, em 23 de setembro de 1940. Ascendeu à presidência da República em 12 de maio de 2016, quando Dilma foi afastada para responder ao processo de impeachment. Efetivou-se plenamente em 31 de agosto de 2016, com o afastamento definitivo de Dilma decretado pelo Congresso Nacional. Advogado, professor universitário e procurador estadual aposentado, casado em terceiras núpcias com Marcela Temer, o presidente tem cinco filhos. Foi procurador-geral do Estado de São Paulo e em 1983 foi secretário de Segurança Pública durante o governo de Franco Montoro e também no governo de Fleury Filho. Suplente de deputado federal, participou da Assembleia Nacional Constituinte. Em 1995 foi escolhido líder do antigo PMDB na Câmara. Foi eleito presidente da Câmara Federal por duas vezes entre 1997 e 2001 e entre 2009 e 2010. Foi vice-presidente da República durante os dois governos de Dilma Rousseff.
Constituiu um governo de salvação nacional, abarcando em seu ministério políticos do PMDB, de toda a antiga base aliada ao governo de Dilma, inclusive, alguns ministros de governos petistas como Henrique Meirelles e do PSDB, como José Serra. Seu governo começou com o apoio do setor empresarial, da indústria e das finanças, inclusive de centrais sindicais. Sua principal meta, como deixou claro, foi a de equilibrar as contas públicas, para com isso atrair investimentos estrangeiros. Reduziu de 32 para 23 o número de ministérios e tentou promover a reforma da Previdência Social, mas foi derrotado em votações na Câmara Federal. Ao assumir, Temer declarou: Eu conservo a absoluta convicção de que é preciso resgatar a credibilidade do Brasil no concerto interno e no concerto internacional, fator necessário para que empresários de todas as áreas produtivas se entusiasmem e retomem, em segurança, os seus investimentos. Infelizmente para ele, a receptividade esperada não aconteceu e o presidente é uma espécie de zumbi nos corredores palacianos, conforme testemunhos de políticos e autoridades que frequentam Brasília.
Nonato Guedes, com agências