O Procurador regional da República na Paraíba, Fábio George Cruz da Nóbrega, integrante da Câmara de Combate à Corrupção do Ministério Público Federal, disse ao Correio da Paraíba que a persistência da corrupção no país decorre da sensação de impunidade e da morosidade judicial, bem como do próprio sistema político brasileiro que conta com uma máquina pública com uma série de problemas históricos ainda não equacionados. Em matéria publicada na edição de hoje, o jornal revela que mesmo com as ações integradas entre os órgãos de fiscalização, controle e do Judiciário, os casos de desvios de recursos e irregularidades na administração pública continuam estourando em todo o território nacional.
Somente na Paraíba, em menos de um ano, prefeitos de três municípios que estão entre os maiores do Estado Bayeux, Cabedelo e Patos foram afastados dos cargos por envolvimento em supostos esquemas de corrupção e estão respondendo a processos na Justiça, sem falar no grande número de servidores, ocupantes de cargos comissionados, secretários e até vereadores, citados em ações articuladas de desvio de verbas em diferentes áreas da administração. Fábio George foi um dos fundadores do Fórum Paraibano de Combate à Corrupção Focco-PB, organização não governamental formada por diversos órgãos de controle e fiscalização com mais de uma década de atuação.
Ele argumenta que os partidos políticos dividem a máquina estatal com fins eleitoreiros, incham o Estado com cargos em comissão, admitem pessoas na administração pública sem concurso e estes fatores contribuem para o incremento da corrupção. E acrescenta: É inadmissível que os cargos sejam loteados para atender a interesses dos partidos. Sem dúvida, este é o maior gargalo que atrapalha o funcionamento mais republicano do Estado brasileiro, além de estimular a corrupção. Salienta que se não houvessem os desvios, o governo teria condições de duplicar investimentos na saúde, educação e em outros setores essenciais. Fábio George menciona que o Brasil possui, somente na administração federal, cerca de 25 mil cargos comissionados, o que constitui um exagero sem tamanho. Nos Estados e municípios, o desvirtuamento chega a ser maior. Os órgãos da administração pública viram feudos de partidos políticos, lamenta.
De acordo com ele, as estimativas apontam que os desvios e a malversação do dinheiro público vêm causando um prejuízo anual de R$ 150 bilhões ao país. Dados da Fiesp apontam que a perda anual com a corrupção corresponde a 2,3% do PIB brasileiro. O representante da Câmara de Combate à Corrupção defende a necessidade de uma sociedade participativa, que mude a postura passiva para ativa. A cada vez mais que as irregularidades ocorrem há a necessidade da população se organizar, fiscalizar os recursos públicos e denunciar as irregularidades. A postura de alheamento, inclusive de não votar ou votar nulo ou em branco, não vai contribuir para mudar as coisas, adverte Fábio George.
Da Redação com o Jornal Correio da Paraíba