Antiga estrela de primeira grandeza do Partido dos Trabalhadores, o ex-deputado José Genoíno é, atualmente, o retrato da decadência política: temendo ser hostilizado nas ruas, vive recluso em sua própria residência em São Paulo. Aos 72 anos, ele está desencantando com a política e vive sorumbático no sobradinho típico de classe média, em rua pacata do Butantã, zona oeste de São Paulo. Ele já cumpriu todas as penas a que foi condenado e não deve mais nada à Justiça, mas permanece enclausurado em seu mundo. Em 2017, escapou de um assalto. Um homem armado rendeu-o com revólver, mas o petista reagiu e o assaltante fugiu.
Genoíno, que no regime militar foi guerrilheiro no Araguaia, raramente sai de casa e mandou trocar as grades simples que cercavam sua residência por um maciço portão de aço, tornando o interior indevassável a quem tenta observar de fora. No portão, não há campainha nem interfone, mas não faltam câmeras para identificar quem bate à sua porta. Em geral, Genoíno só recebe familiares. Os ex-companheiros de partido ou estão na cadeia ou o abandonaram. A pessoas próximas, revela-se frustrado com os descaminhos da política. Ao ser abordado pela reportagem de Istoé recentemente, foi taxativo: Não falo mais com a imprensa. A mão que bate esquece mas a cara que apanha, não. Esqueça que eu existo.
Ele foi condenado a quatro anos e seis meses, pena extinta pelo Supremo Tribunal Federal em 2015, depois que ele permaneceu preso por um ano no presídio da Papuda, em Brasília. Nas poucas vezes em que sai de casa, não cumprimenta mais os vizinhos, como fazia há 30 anos quando se mudou para o local. Com seis mandatos de deputado federal, chegou a ser candidato a governador de São Paulo em 2002 pelo PT. Genoíno foi denunciado como um dos responsáveis pelo escândalo do mensalão. Apesar das desventuras por viver em uma cidade violenta como São Paulo, Genoíno leva uma vida confortável graças aos R$ 25.274,02 que recebe de aposentadoria da Câmara dos Deputados. Em dezembro de 2014, recebeu um indulto da então presidente Dilma Rousseff. No ano seguinte, em agosto, o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, extinguiu a sua pena. Mas o decreto não teve efeito para abolir as frustrações de Genoíno.
Da Redação, com Istoé