A pretensão de obter uma vitória nas urnas está levando líderes políticos a superar divergências na campanha eleitoral deste ano na Paraíba. Um dos exemplos mais comentados de entrosamento é o que ocorre entre os deputados federais Veneziano Vital do Rêgo (PSB) e Luiz Couto (PT), candidatos a senador na chapa encabeçada pelo socialista João Azevêdo ao governo, que tem o apoio explícito do governador Ricardo Coutinho. Veneziano, quando estava filiado ao então PMDB, votou no plenário da Câmara favoravelmente ao impeachment da ex-presidente da República Dilma Rousseff, do PT, o que o levou a ser chamado de golpista pelos petistas e aliados no Estado.
Ele foi absorvido nas hostes petistas, porém, ao ingressar no PSB do governador Ricardo Coutinho e ser punido pela Executiva Nacional do PMDB por ter votado pelo recebimento de denúncias formuladas contra o presidente Michel Temer. Esse posicionamento de Veneziano foi considerado inaceitável pela cúpula do PMDB, hoje MDB, embora os senadores paraibanos José Maranhão e Raimundo Lira tenham apelado para que houvesse condescendência em relação ao parlamentar. Levado pelo governador Ricardo Coutinho para as hostes do PSB, Veneziano tornou-se candidato ao Senado, em dobradinha com o deputado federal Luiz Couto. O governador Ricardo Coutinho tem sido elogiado pelos petistas por ter se manifestado contrário ao impeachment de Dilma Rousseff e à prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Ricardo também foi responsável pela vinda de Dilma à Paraíba, ainda quando ela estava afastada da presidência para responder ao processo de impeachment que tramitava pela Câmara e, posteriormente, pela vinda de Dilma e do ex-presidente Lula para conhecimento do andamento das obras da transposição de águas do rio São Francisco em trechos importantes do Estado. O governador, no início de sua carreira política, foi filiado ao Partido dos Trabalhadores, por ele se elegendo de vereador a deputado estadual, tendo se desfiliado da agremiação quando foi boicotado no propósito de ser candidato a prefeito de João Pessoa em 2004. Em represália, filiou-se ao PSB, onde teve espaço assegurado para concorrer ao pleito.
Além do entrosamento entre Veneziano Vital do Rêgo e Luiz Couto, na campanha em marcha verifica-se, ainda, a recomposição do governador Ricardo Coutinho com o clã Feliciano, especialmente com a vice-governadora Lígia Feliciano, do PDT. Ele havia acusado Lígia e o marido, o deputado federal Damião Feliciano, de tentarem montar um governo paralelo ao que ele comanda no Estado e insinuou que havia perdido a confiança em ambos. Lígia e Damião, por sua vez, tinham mágoas de Ricardo por não adotar a candidatura dela à sua sucessão. Inesperadamente, Ricardo se recompôs com o clã e Lígia permaneceu como vice-governadora, agora no papel de candidata, na chapa encabeçada por João Azevedo. Todos são vistos em fotografias em clima de confraternização nos eventos políticos na Capital e em cidades do interior.
Nonato Guedes