Esqueçam as desculpas surradas de que houve manipulação nos resultados da pesquisa Ibope-Rede Paraíba de Comunicação, divulgada ontem sobre tendências do eleitorado para o pleito vindouro. Arquive-se o pretexto de que o Ibope nunca acertou em prognósticos referentes a intenções de votos em nosso Estado. É página virada. A liderança do senador José Maranhão, candidato do MDB ao governo, com uma folga invejável, reflete a atmosfera que reina nas ruas nesse pré-começo de campanha. Da mesma forma, a dianteira do senador Cássio Cunha Lima é coerente com a performance que ele vinha ostentando, individualmente. Não há indícios de que teremos chapas casadas no páreo majoritário. É o cada um por si entre os candidatos e da parte do eleitor, alvíssaras e evoés: mostra que está decidindo como quer. Sem peias nem atrelamento a chefias.
Claro que há muito chão a ser percorrido. Uma campanha está sempre sujeita a instabilidades, oscilações, ora decorrentes de erros de estratégia, de erros de cálculo, de triunfalismo exacerbado, de arrogância sesquipedal de marqueteiros interessados em embolsar a parte que lhes cabe no espólio financeiro que restar em meio a uma legislação mais rigorosa e profilática diante da sarabanda patética de escândalos que caíram como uma desgraça no país inteiro. Quando a conjuntura é confusa e alguns tótens políticos são descartados, é curial que o eleitor aposte em quem conhece, para não passar o vexame de aturar surpresas desagradáveis.
José Maranhão, para usar uma terminologia dos marqueteiros, beneficia-se do chamado recall. É o político que mais disputou eleições a governador na Paraíba, foi governador tríplice coroado, primeiro com a morte de Mariz, depois do confronto burro dos Cunha Lima contra ele quando já estava aboletado na cadeira do poder, de tal sorte que proporcionalmente foi o mais votado no país em 98, derrotando Gilvan Freire, que era uma espécie de cavalo de Tróia do clã Cunha Lima. Ainda foi convocado a assumir com Luciano Cartaxo como vice em fevereiro de 2009, quando o TSE cassou o mandato de Cássio Cunha Lima nos estertores do segundo mandato. Maranhão teve suas derrotas perdeu para Cássio e Ricardo. Mas está aí, orçado em muitos anos, mas com pose de lépido e fagueiro. Sim, claro, carrega taxas de rejeição, mas talvez este ano não lhe sejam tão ameaçadoras. De resto, o cenário é muito sombrio e o eleitor que vai à urna prepara-se para comparecer a um abatedouro, de tão desiludido que está com a política e os políticos.
É a primeira pesquisa, os candidatos que estão abaixo e que tentaram subestimar a consciência do eleitorado estão pagando por esse erro palmar, de insultar a manifestação alheia. Os otimistas dos candidatos pouco pontuados dirão que a pesquisa é o retrato 3 X 4 de agora. Veremos!
Nonato Guedes