O senador José Maranhão, candidato a governador da Paraíba pelo MDB, foi cassado pelo regime militar instaurado em março de 64 devido a posições tomadas contra o arbítrio. Maranhão foi cassado em 29 de abril de 1969, incluído numa das listas produzidas após a edição do AI-5. Juntamente com ele, foram punidos o ex-deputado estadual Mário Silveira, o desembargador Emílio de Farias e o professor universitário e economista Ronald de Queiroz Fernandes, suplente de deputado estadual. A versão oficial vigente foi a de que a cassação resultara do IPM que apurou as atividades de expoentes da Frente Parlamentar Nacionalista, entre os quais Maranhão.
No entanto, em depoimento ao jornalista e escritor Gonzaga Rodrigues para o livro José Maranhão Uma Vida de Coerência, também assinado por Ângela Bezerra de Castro, o próprio JM duvida que a sua atuação na referida Frente Parlamentar tenha sido o pretexto principal da cassação. Disse que o manifesto que tinha a sua assinatura e que constituiu peça principal do inquérito, consubstanciava umas duas dezenas de itens definindo a política de soberania nacional que os expoentes da Frente defendiam para o Brasil e, somente no final, defendendo a auto-determinação dos povos. Isso quando os americanos já tinham feito o bloqueio comercial e político de Cuba e queriam fazer a invasão física do país. Cabia, então, o nosso protesto, acrescentou.
– Houve um episódio, entretanto, que me deixou convicto de que minha cassação era iminente. Alguns parlamentares que pertenceram à Frente Nacionalista foram procurados pelo governo, por agentes do governo estadual, e resolveram aderir. Eu fui contatado para fazer a mesma coisa mas preferi preservar minhas posições, meus princípios, persisti rejeitando o guarda-chuva que desde a extinção dos partidos me ofereciam. A partir daí, a cada nova edição de atos institucionais, estava eu certo do que viria acontecer. Assim, preparei o espírito dos meus pais, dos meus familiares. Meu pai (Benjamin Maranhão) disse-me: Você vai cair, mas vai cair de pé depôs Maranhão a Gonzaga Rodrigues e Ângela Bezerra de Castro.
Maranhão foi deputado estadual e federal, tendo militado politicamente nos quadros do PTB e do MDB criado no bipartidarismo após a eclosão do golpe militar. Embora não fosse um radical e seu pai tivesse, mesmo, origens como agropecuarista, Maranhão enfileirou-se junto com políticos que defendiam reformas de base no governo João Goulart, a quem apoiavam, e indispôs-se posteriormente contra a ditadura militar. Ele foi escolhido, em 94, como candidato a vice de Antônio Mariz, que veio a falecer no primeiro ano de mandato. Maranhão concluiu, então, a gestão e imprimiu um estilo próprio e dinâmico, com investimentos em obras de infraestrutura e empreendimentos como o Hospital de Trauma e Emergência de João Pessoa. Em 98, enfrentando dissidência do grupo Cunha Lima dentro do PMDB, Maranhão candidatou-se ao governo, derrotando Gilvan Freire, que concorreu pelo PSB. Proporcionalmente, foi o candidato mais votado do país. Ele retornou ao Palácio da Redenção pela terceira vez, em 2009, quando Cássio Cunha Lima foi cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral sob alegação de conduta vedada e abuso de poder. Está no exercício do segundo mandato de senador e tem como candidato a vice na sua chapa, este ano, Bruno Roberto, do PR, filho do deputado federal Wellington Roberto.
Nonato Guedes