A pesquisa do Ibope detectou um cenário de favoritismo para o candidato do MDB ao governo da Paraíba, José Maranhão, mas um levantamento do DataVox sinalizou suposta vantagem do candidato do PSB, João Azevêdo. Houve uma surpresa entre analistas políticos diante da expectativa de que a polarização estivesse situada, a dados de hoje, entre Maranhão e Lucélio Cartaxo, este candidato pelo PV, apoiado pelos prefeitos de João Pessoa e Campina Grande, ancorado pelo senador Cássio Cunha Lima e pela candidata ao Senado Daniella Ribeiro.
As sutilezas verificadas nas duas pesquisas ensejaram a que se repetisse em algumas rodas o prognóstico de que há um embolamento na disputa à sucessão do governador Ricardo Coutinho situação que tanto pode favorecer a Maranhão, como a Lucélio, como a João Azevêdo. Maranhão tem como trunfo a experiência administrativa, traduzida no serviço prestado, nos benefícios carreados para a população paraibana em três oportunidades em que exerceu o governo. Azevêdo nunca disputou mandato eletivo, não podendo ser aferido do ponto de vista da densidade eleitoral, exceto a partir deste pleito, mas é reconhecido como um quadro técnico altamente qualificado e que tem tido participação decisiva no planejamento e execução de obras de impacto levadas a efeito pelas gestões de Ricardo Coutinho, quer na prefeitura da Capital, quer no governo estadual, onde conclui o segundo período.
Lucélio é o menos referenciado no que diz respeito à parte administrativa propriamente dita, porque as funções executivas que eventualmente titulou, em diferentes esferas, não lhe deram a visibilidade necessária para o credenciamento da sua capacidade. Ainda assim, procura tirar proveito do fato de ter contribuído com o êxito da gestão titulada pelo irmão gêmeo Luciano, prefeito reeleito de João Pessoa e que originalmente foi cogitado para ser candidato de um esquema oposicionista ao governo, tendo declinado face à demora no consenso e, certamente, devido a outras prioridades na sua própria agenda. Lucélio também tenta se apresentar como novidade na paisagem embora em 2014 tenha disputado vaga de senador e alcançado votação expressiva, insuficiente, no entanto, para elegê-lo.
Há quem tenha se acostumado a medir pulsações da campanha eleitoral a partir da vigência do Guia, que é o instrumento de apresentação de postulantes aos diversos cargos eletivos. Afirma-se que a despeito da precariedade ou irregularidade do tempo distribuído no chamado horário eleitoral gratuito a performance do postulante tem forte impacto nos corações e mentes dos eleitores. De outro modo, o desempenho em debates que começam a ser promovidos por emissoras de televisão e rádio ou por entidades associativas facilitaria um posicionamento do eleitor diante da demanda de informações que recebe numa campanha eleitoral.
O fato é que o jogo começou para valer e a grande constatação que se observa, por enquanto, é que a conjuntura nacional não está tendo interferência nenhuma no processo eleitoral atinente à Paraíba. Os candidatos a governador há, ainda, Rama Dantas, pelo PSTU, e Tárcio Teixeira, pelo PSOL, começam a ser avaliados pelas suas qualidades e seus defeitos e não em virtude de alianças ou vínculos com o plano nacional. Não obstante seja avassaladora a discussão sobre o ex-presidente Lula e sua ausência no processo eleitoral, as questões locais estão tendo influência preponderante no processo, no âmbito de cada Estado. É o que se constata, preliminarmente.
Nonato Guedes