Em coluna divulgada em sites noticiosos de Cajazeiras e que me chegou via web, o escritor e economista Francisco Sales Cartaxo Rolim (Frassales), que foi secretário de Planejamento do governo Ivan Bichara Sobreira, aborda as festividades que tomaram conta da terra do Padre Inácio de Souza Rolim no mês de agosto, com multiplicidade de eventos das homenagens ao doutor Ivan e ao Padre Rolim, passando pelo reencontro dos filhos da terra que migram ou radicam-se em centros maiores mas não perdem o contato com a origem nem esquecem a água do Açude Grande, conforme o jargão que por lá se popularizou.
Frassales menciona os 63 minutos de papo sério que tivemos na Angélica Coelho Recepções durante feijoada. Foi, na verdade, uma troca de impressões sobre a política paraibana e de hoje, que se tornou frequente entre nós desde que amiudamos contatos, ora em João Pessoa, na Livraria do Luiz, ora em Cajazeiras, com a mediação de Chagas Amaro, que desta feita havia viajado. Passamos a limpo um pedaço de nossa história. Não desperdiçamos uma frase, relata Frassales. Pura verdade. O que me cabe dizer é que as referências elogiosas que Cartaxo me atribui na reprodução de suas impressões sobre essa nova efervescência política-cultural em Cajazeiras constituem preito de generosidade da parte dele.
O que é fato é que, como jornalista que serei sempre, tenho uma sede constante de informação, de conhecimento. E sempre fui buscar em pessoas mais experientes, até nos assumidamente mais velhos, as lições de que tenho precisado para balizar posições próprias e elaborar versões em torno de acontecimentos apaixonantes, livre de amarras ideológicas ou partidárias (nunca fui filiado a qualquer partido político, o que não quer dizer que sou contra quem é filiado). Fato curioso que me ocorre é a circunstância de só ter aprofundado conversações com Frassalles nos últimos anos ele radicado no Recife, eu em João Pessoa, mas transitando entre os fados do destino que cuidam de nos aproximar, inclusive, na linda Cajazeiras, como dizia Zeilto Trajano, o multimídia que me lançou no microfone quando eu ainda era imberbe redator de matérias na Alto Piranhas, que, então, pertencia à diocese, titulada por dom Zacarias Rolim de Moura.
Frassales é desses interlocutores que possuem posição firme e firmada sobre tudo ou quase tudo mas deixa uma abertura para o acolhimento de subsídios ou informações adicionais que, vistas dentro do ângulo historiográfico, podem até mudar sua exegese acerca desse ou daquele fato. A cultura geral que ele adquire no dia a dia não o tornou sectário ou dogmático, o que lhe abre possibilidades na convivência com os contrários. Não quero dizer, com isto, que não tenha solidez de opiniões isso, nele, sobra em demasia (redundância à parte). Tem cabedal suficiente acumulado para externar pontos de vista e, mais ainda, fundamentá-los com consistência irretorquível.
Embora não seja expressão mais apropriada para defini-lo, Frassales passa-me a ideia de um professor, que tem sempre um olho clínico para debruçar-se sobre as ocorrências contemporâneas em confronto com as informações de antanho, no exercício dialético apropriado para a compreensão geral das coisas. Lamento não ter convivido mais cedo com Cartaxo para poder haurir dele os ensinamentos que sabe transmitir esta, outra qualidade que lhe é inerente. Não seja por isso. Ainda somos jovens o bastante para explorar veredas do conhecimento, da informação rica em detalhes. Obrigado, Frassales, por mais esta aula. Que venham as próximas!
Nonato Guedes