Candidatos a presidente da República deploraram o incêndio ocorrido no Museu Nacional no Rio de Janeiro, que destruiu obras importantes do seu acervo e provocou onda de protestos da comunidade intelectual e artística do Brasil e do exterior. Os postulantes à Presidência da República referiram-se ao sinistro como uma tragédia e disseram acreditar que publicações e documentos inéditos tenham se perdido completamente, desfalcando a área cultural brasileira de subsídios importantíssimos para a análise de períodos históricos. Bibliotecários também se manifestaram repudiando o descaso de autoridades para com o segmento cultural brasileiro.
O reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Roberto Leher, afirmou que se tivessem sido realizadas melhorias na estrutura física do Museu, mediante a liberação de recursos que havia sido autorizada pelo governo federal, grande parte da História e da Cultura do Brasil teria sido salva. Em 2015 chegou a ser autorizada a destinação de recursos para obras de revitalização, totalizando cerca de R$ 20 milhões, alocados no Orçamento Geral da União. Do total, R$ 2,5 milhões eram destinados a medidas preventivas contra sinistros, mas apurou-se que os recursos não foram liberados devido a restrições impostas pela legislação eleitoral para o atual período em que candidatos disputam postos eletivos em todo o país.
Alguns funcionários do Museu relataram à imprensa que tão logo foram inteirados da notícia sobre o incêndio de cerca de quatro horas verificado na estrutura do Museu mobilizaram-se no sentido de salvar partes relevantes do arquivo, mas não conseguiram grande progresso na preservação, por exemplo, de escritos antigos associados à História do Brasil. A liberação fora decidida paracoincidir com os festejos alusivos ao centenário da instituição. O ministro da Educação, Rossieli Soares da Silva, confrontou as versões que atribuíram responsabilidade exclusiva ao atual governo do presidente Michel Temer (MDB) pelo descuido com a manutenção e preservação da instituição. Explicou que governos anteriores tiveram parcela de responsabilidade na conservação da memória nacional e, infelizmente, nada fizeram no sentido de assegurar a sua perenidade.
Além do reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, dirigentes de Museus, Academias e outras instituições representativas da Cultura revelaram-se extremamente chocados com a precariedade de manutenção do Museu Nacional. De acordo com essas manifestações, comprovou-se, na prática, que o poder público não dá importância nem à Cultura nem à preservação da Memória. O governo federal determinou um levantamento minucioso das publicações e dos escritos que se perderam entre as chamas que consumiram o Museu. A reação comum é de exortação para que o episódio, malgrado as consequências, sirva de exemplo para a necessidade de providências de efetiva preservação da História do Brasil.
Da Redação, com agências