O deputado estadual Frei Anastácio Ribeiro prepara-se, na campanha eleitoral deste ano, para tentar trocar de posição, candidatando-se a deputado federal na vaga do deputado Luiz Couto, que foi lançado ao Senado numa composição com o PSB que tem como candidato ao governo o engenheiro João Azevedo. Frei Anastácio é reconhecido pelo histórico de lutas em defesa da reforma agrária e contra a violência no campo atingindo trabalhadores que reivindicam direitos legais. Juntamente com outros expoentes petistas, ele exigiu a prisão de autores de crimes contra trabalhadores, intermediou acordos para evitar o despejo de fazendas, intercedeu junto a autoridades solicitando abrigo provisório para famílias despejadas e soluções para conflitos de terras e deu apoio a trabalhadores rurais acampados em áreas públicas.
Em inúmeras ocasiões, a atuação de Frei Anastácio deu-se em conjunto com a Arquidiocese da Paraíba, sobretudo quando ela foi titulada pelos arcebispos dom José Maria Pires e dom Marcelo Pinto Carvalheira, já falecidos. Embora houvesse restrição da Igreja, como instituição, ao engajamento de religiosos na atividade política e isto tenha sido explicitado em comunicados oficiais da Arquidiocese, os arcebispos da Paraíba sempre acolheram os pedidos de audiência de Anastácio e de outros parlamentares do PT para o encaminhamento de soluções de problemas agrários junto ao poder público. Frei Anastácio, mesmo quando ocupou a superintendência do Incra na Paraíba, não deixou de se solidarizar com os trabalhadores rurais e suas bandeiras prioritárias de luta, denunciando práticas arcaicas de latifundiários da Paraíba.
No livro O Partido dos Trabalhadores e a Política na Paraíba, o professor Paulo Giovani Antonino Nunes enfatiza que foi a partir da legislatura iniciada em 1998, com a eleição do deputado Frei Anastácio, ex-coordenador da Comissão Pastoral da Terra, que um parlamentar do PT dedicou seu mandato preferencialmente à questão agrária e agrícola. Lembra que a Comissão de Desenvolvimento da Assembleia Legislativa, presidida pelo deputado Frei Anastácio, realizou audiências públicas para discutir alternativas para o escoamento e comercialização da produção agropecuária dos trabalhadores de assentamentos rurais, entregou ao superintendente da Sudene um documento descrevendo o caos da seca na Paraíba e solicitando o alistamento de pessoas nas frentes de emergência, mobilizou os trabalhadores rurais de todo o Estado para audiências públicas com o objetivo de debater a desativação das frentes produtivas de trabalho e o corte das cestas básicas, liderou uma comissão de representantes da Pastoral da Terra que foi recebida no Supremo Tribunal Federal para relatar a onda de violência contra trabalhadores rurais sem-terra na Paraíba.
Em face de sua atuação nas questões agrárias, tanto antes de ser parlamentar como durante seu mandato, o deputado Frei Anastácio teve problemas com a Justiça. O Tribunal de Justiça da Paraíba chegou a encaminhar à Assembleia Legislativa dois pedidos de autorização para processá-lo sob acusação de invasão de propriedades e incêndio de lavouras, bem como descumprimento de ordem judicial para a retirada de sem-terras por proprietários rurais. Juntamente com outros religiosos, foi acusado pelo presidente da Associação de Plantadores de Cana-de-açúcar da Paraíba, Antônio Celso Cavalcanti, de serem os mentores intelectuais de táticas de guerrilha no conflito existente na Fazenda Antas, em Sapé. Na ocasião, a Executiva Regional do PT divulgou nota manifestando irrestrita solidariedade às ações legítimas e no marco da legalidade e democracia do deputado Frei Anastácio e de outros religiosos. Não vou esmorecer nunca na luta que tomei como bandeira prioritária, assegura o parlamentar.
Nonato Guedes