O empresário Cícero Lucena e sua mulher, Lauremília, foram vices do clã Cunha Lima que governou a Paraíba nos últimos anos Cícero como companheiro de chapa de Ronaldo, na eleição de 1990, Lauremília como parceira de Cássio, filho de Ronaldo, no primeiro governo dele, a partir de 2003. Natural de Sousa, com atuação na área de assistência social, Lauremília foi a primeira mulher a exercer o cargo de vice-governadora. Ela se credenciou naturalmente à indicação pela sua atuação marcante nas duas gestões do marido como prefeito de João Pessoa a primeira em 1997 e a segunda a partir de 2001. Ela foi voz ativa na condução dos programas de Cidadania levados a várias comunidades do interior paraibano e também apoiou projetos de artesanato que beneficiavam, sobretudo, os que não tinham recursos para montar arranjos produtivos e sobreviver. No segundo mandato de Cássio, o escolhido para vice foi o recordista de mandatos como deputado estadual José Lacerda Neto, numa estratégia para selar a composição com o antigo PFL, presidido pelo ex-senador Efraim Morais.
Por sua vez, Cícero, sobrinho do falecido senador Humberto Lucena e nascido em São José de Piranhas no dia cinco de agosto de 1957, foi catapultado da construção civil, área em que se destacava em João Pessoa, para o posto de candidato a vice na chapa de Ronaldo Cunha Lima, ao governo do Estado, em 1990. A escolha surpreendeu aos analistas políticos. Cícero, porém, foi uma revelação à frente do poder. Cumpriu missões espinhosas delegadas por Ronaldo ou em conjunto com ele, a exemplo da luta pela reabertura do Paraiban. Assumiu a titularidade do governo num momento difícil para Ronaldo: o incidente contra Tarcísio Burity no restaurante Gulliver em João Pessoa e manteve a situação sob controle. Posteriormente, quando Ronaldo renunciou para se candidatar ao Senado e ser eleito, Lucena cumpriu mandato de dez meses, dando continuidade ao programa que haviam defendido na praça pública.
Na época, o ex-deputado Gilvan Freire, que presidiu a Assembleia Legislativa, destacou que Cícero demonstrou vocação como administrador e projetou-se como político. Engenheiro civil e administrador de empresas, Cícero visitoutodos os municípios do Estado na companhia de Ronaldo e diagnosticou à imprensa que nunca tinha assistido tanta miséria nas regiões paraibanas. Estou amargurado, desabafou. Ao suceder a Ronaldo, Cícero manteve postura discreta e equilibrada e saiu do Palácio da Redenção com 80% de aprovação. A aprovação alcançada foi o passaporte para, depois, eleger-se por duas vezes prefeito de João Pessoa e senador, tendo ocupado, no governo de Fernando Henrique Cardoso, a secretaria de Políticas Regionais, vinculada ao ministério do Planejamento pilotado por José Serra mas que tinha, também, status de ministério.
Na disputa de 94, em que Antônio Mariz era candidato, Cícero inspecionava obras nos domínios da Grande João Pessoa quando foi avisado de que Lúcia Braga, mulher do ex-governador Wilson Braga, comandava manifestação contra o governo em frente ao Palácio, arrebanhando favelados. Foi para o confronto, acusou Lúcia de demagogia e esvaziou a manifestação com promessa de atender às reivindicações. No segundo governo de Cássio, ele ocupou a secretaria de Planejamento do Estado. Sobre suas ações administrativas, afirmou, certa feita: Tiramos crianças do lixo e as colocamos em creches e escolas. Com criança com mãe deficiente e pai presidiário estudar no Balett Bolshoi. Em 2012, ele tentou se eleger novamente à prefeitura de João Pessoa mas perdeu para Luciano Cartaxo. Recentemente, em contato com o site Os Guedes, afirmou que não tem mais interesse em militar na política, acentuando que isto é página virada para ele.
Nonato Guedes