Não obstante a insistência do candidato Ciro Gomes (PDT) em garantir que não é investigado pela Operação Lava-Jato, ele está sendo alvo da maior blitzkrieg desencadeada no País contra corruptos de empresários a políticos. Atendendo solicitação da Procuradoria da República no Ceará, a polícia está apurando a existência de um esquema de extorsão contra empresários na administração daquele Estado. Entre os suspeitos de promover achaque estão um irmão, o marqueteiro e um ex-empregado de Ciro Gomes. Agora apareceu uma testemunha assegurando que o próprio Ciro participava do esquema.
Niomar Calazans, que foi tesoureiro do Pros, partido ao qual Ciro e seu irmão Cid foram filiados entre 2013 e 2015, disse numa entrevista exclusiva à Veja que Ciro sabia e participava, com certeza, das operações. Calazans disse que o elo de extorsão era usado por Ciro e seu grupo para financiar campanhas eleitorais. Também conta que os irmãos Gomes pagaram dois milhões de reais para comprar o controle do Pros durante as eleições de 2014 no Ceará e, desde então, passaram a orientar todas as iniciativas locais da sigla. O esquema de extorsão do governo do Ceará teria vindo a público em maio do ano passado quando se divulgou o conteúdo da delação dos empresários Joesley e Wesley Batista, donos da JBS. Eles acrescentaram que o governo cearense, na gestão Cid Gomes, só aceitou pagar-lhes créditos fiscais a que aJBS tinha direito depois que concordaram em contribuir, financeiramente, para uma penca de aliados dos irmãos Gomes, de candidatos ao governo a candidatos ao Legislativo.
Tido como pavio curto, Ciro pode estar mais enrolado do que se pensa o esquema pode não ter ficado restrito àJBS. Um levantamento feito pela revista Veja constatou que houve uma notável sincronia entre as datas de pagamento dos créditos e as contribuições eleitorais das empresas beneficiadas. Ciro tenta ser herdeiro de votos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que está para sair do páreo devido à sua condição de ficha suja e presidiário. Administrador de empresas, Niomar Calazans salientou ter estado por diversas vezes com o presidenciável Ciro Gomes, quer no Ceará, quer em Brasília. Quando o caso do esquema de extorsão no Ceará chegou ao Supremo Tribunal Federal, em agosto de 2017,a cronologia dos pagamentos não passou desapercebida ao ministro Edson Fachin, relator da Lava-Jato.
Indagado a razão de não ter denunciado antes a venda do Pros no Ceará por dois milhões, Niomar Calazans explicou: Nos depoimentos que prestei à Polícia Federal e à Polícia Civil só me perguntaram sobre falsificação de atas das reuniões e uso irregular de dinheiro público envolvendo o presidente do Pros, tema que denunciei ao Ministério Público em 2015, antes de ser expulso do partido. Há muitas coisas que presenciei e, se me perguntarem, vou dizer como aconteceram, frisou Niomar Calazans.
Da Redação, com informações de Veja