Dilma Vana Rousseff entrou para a história como a primeira mulher a exercer a presidência da República e, também, a primeira mulher a sofrer impeachment à frente do cargo. No discurso de posse por ocasião da instalação do primeiro mandato, em 2011, Dilma pôs-se como representante das lutas femininas e salientou que sua ascensão seria fator de estímulo para que outras mulheres lograssem ascender ao Palácio do Planalto. A primeira candidatura de uma mulher à presidência deu-se em 1989, no período pós-ditadura militar, representada por Maria Pia de Abreu, do Partido Nacional, que teve desempenho ínfimo.
Hoje, Dilma concorre ao Senado pelo PT em Minas Gerais e há outras mulheres no páreo federal mas como candidatas a vice, a exemplo de Ana Amélia, do PP, companheira de chapa de Geraldo Alckmin, do PSDB, Kátia Abreu, do PDT, candidata a vice na chapa de Ciro Gomes e a indígena Sônia Guajajara, que faz dobradinha com Guilherme Boulos, do PSOL. A deputada estadual pelo Rio Grande do Sul Manuela DAvila, do PCdoB, chegou a ser lançada candidata própria a presidente da República, mas recuou diante da perspectiva de vir a ser vice de Luiz Inácio Lula da Silva. Até o dia 11 próximo, Manuela deverá ser efetivada como vice do ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, escolhido para substituir Lula na corrida eleitoral.
Cientistas políticos alertam que não se deve desprezar a figura de candidato(a)s a vice-presidente da República, lembrando a situação atual em que o ex-vice de Dilma Rousseff, Michel Temer (MDB) foi investido na titularidade por ocasião da decretação do impeachment da petista. Para eles, a escolha de candidaturas a vice tornou-se um acontecimento a ser acompanhado com expectativa, uma vez que vice-presidentes deixaram de ser figuras decorativas na conjuntura nacional. As mulheres constituem maioria esmagadora do eleitorado brasileiro e são o foco de debates com presidenciáveis promovido pela Rede Globo de Televisão. Numa das entrevistas, a que foi feita com Jair Bolsonaro (PSL), candidato a presidente, causou celeuma a tese por ele levantada de que mulheres ganham menos do que homens, embora façam o mesmo trabalho que eles. Bolsonaro deu-se mal quando interpelou a apresentadora Renata Vasconcelos, na bancada do Jornal Nacional sobre o valor do seu salário. O interesse de Bolsonaro era o de apontar a diferença salarial entre Renata e William Bonner, com quem divide a bancada do JN. A reação da apresentadora foi de bate-pronto. Ela disse que não lhe devia satisfação por trabalhar para uma empresa privada e questionou o que Bolsonaro fez em 27 anos de atuação na vida pública, sendo remunerado com dinheiro do cidadão comum Renata Vasconcelos incluída. O candidato tergiversou até tangenciar na formulação de respostas aos pontos levantados pela apresentadora.
A participação da mulher na política brasileira é considerada um capítulo à parte por historiadores e especialistas na atividade. O Rio Grande do Norte foi pioneiro na abertura tendo inscrito a primeira mulher eleitora em 1927, a professora Celina Vieira. Foi o primeiro voto feminino da América Latina e não tardou para que o mesmo Estado brasileiro tivesse outro importante registro noticiado no mundo inteiro. Foi pioneiro na candidatura de mulheres a cargos eletivos quando Alzira Soriano, por indicação da então advogada Bertha Lutz, foi eleita a mulher prefeita do Brasil e América Latina na cidade de Lajes. Já a médica de São Paulo Carlota Pereira de Queiroz foi a primeira deputada federal e os os caminhos da história política seguiram com os passos femininos rumo aos mais altos cargos. A primeira senadora foi Eunice Michiles, do Amazonas, que também tornou-se a primeira brasileira a ocupar uma vaga no Tribunal de Contas da União.
Nonato Guedes, com arquivos