Os filiados aos quadros da Associação Paraibana de Imprensa (API) vão, finalmente, às urnas, amanhã, a partir das 8h, em João Pessoa e cidades do interior, para escolher de ocupantes da presidência e da diretoria executiva da instituição representativa de jornalistas e expoentes da cultura paraibana. O pleito deveria ter ocorrido entre os dias 10 e 21 de julho, mas foi sustado após representação movida por aliados da chapa encabeçada pela professora e jornalista Sandra Moura denunciando irregularidades na filiação de novos sócios e cobrando prestação de contas por parte da atual diretoria, presidida por João Pinto. A decisão de suspensão partiu do âmbito da Sétima Vara, tendo o processo sido extinto sem resolução de mérito.
As duas chapas inscritas para o pleito têm João Pinto e Sony Lacerda como presidente e vice, Sandra Moura e Edson Souza (com atuação em Campina Grande) para a presidência e a vice. A Associação Paraibana de Imprensa é uma espécie de referência para jornalistas, tendo vivido embates históricos. Em 1964, por ocasião da instauração do regime militar, a diretoria presidida pelo jornalista Adalberto Barreto foi destituída em meio a tumultuada assembleia interna que opôs grupos favoráveis à nova ordem e grupos solidários com o governo deposto do presidente João Goulart. Entre o fim da década de 70 e início da década de 80, um grupo de jornalistas, liderados por Severino Ramos, recentemente falecido, deu nova dimensão à entidade, promovendo intensos debates sobre questões da atualidade com expositores de renome como Bóris Casoy, Chico José, Carlos Chagas, Tarcísio Holanda, Gerardo Melo Mourão, Hélio Doyle e Moacir Japiassu.
A API também sediou Comitês suprapartidários formados no âmbito da sociedade civil para reivindicar a volta das eleições diretas-já para presidente da República em 1984. Além de Severino Ramos e Adalberto Barreto, a instituição foi presidida por figuras de prestígio como Gonzaga Rodrigues, José Leal, Walter Santos, Rubens Nóbrega, Carlos Aranha, Antônio Costa e José Euflávio Horácio. O jornalista Nonato Guedes foi vice-presidente na gestão Severino Ramos e, depois, elegeu-se presidente, tendo como vices José Euflávio e Oduvaldo Batista (já falecido). Governadores, parlamentares e representantes da sociedade civil sempre respeitaram a entidade, que possui prédio próprio, na rua Visconde de Pelotas, no Centro da Capital, e representações em cidades como Campina Grande, Cajazeiras, Patos, Sousa e Guarabira.
O embate entre João Pinto e Sandra Moura teve desdobramentos nas redes sociais até agora, véspera do pleito. Pinto e seus apoiadores acusaram a chapa adversária de desespero por medo de derrota e de ter recorrido ao tapetão, procurando judicializar o processo. A candidata Sandra Moura, que também é professora da área de Comunicação da Universidade Federal da Paraíba, salientou que sua luta e a dos seus seguidores sempre foi pela legalidade e moralidade das eleições e acusou o atual presidente João Pinto de fazer admissão de novos sócios sem submeter os processos ao Conselho de Sindicância da entidade, como rezam os estatutos do órgão.
A escritora Fátima Araújo, que lançou livros sobre a imprensa paraibana e a Associação Paraibana de Imprensa, ressalta o papel decisivo que a API tem tido como aglutinadora da própria sociedade civil nas grandes causas nacionais, um papel mais expressivo do que o do próprio Sindicato de Jornalistas Profissionais, mais focado na defesa dos interesses corporativos da categoria.
Nonato Guedes