Pelo menos dois prefeitos de importantes cidades paraibanas, fora do eixo João Pessoa-Campina Grande, admitiram que estão tendo pouco empenho nas campanhas majoritárias, no Estado, de candidatos ao governo e ao Senado, preferindo priorizar candidaturas proporcionais, inclusive, de familiares que concorrem a vagas na Assembleia Legislativa ou na Câmara Federal. De acordo com os gestores, que preferiram não se identificar publicamente para não enfrentar represálias, estaria havendo má condução e até desinteresse de candidatos majoritários por estratégias de atração de participação ou engajamento de lideranças municipais nas suas respectivas campanhas.
Essa situação estaria gerando o tradicional salve-se quem puder nas diferentes regiões da Paraíba. Há casos em que prefeitos têm familiares-candidatos, na atual disputa, como o de Cajazeiras, José Aldemir Meireles, do PP, cuja mulher, a doutora Paula Francinete, concorre com chances a uma cadeira na Assembleia Legislativa. Em João Pessoa, o prefeito Luciano Cartaxo (PV) dá prioridade à candidatura do irmão gêmeo Lucélio ao governo estadual, enquanto em Campina Grande o prefeito Romero Rodrigues, do PSDB, prioriza a luta da mulher, doutora Micheline Rodrigues, candidata a vice-governadora na chapa encabeçada por Lucélio. O senador Cássio Cunha Lima e o filho Pedro Cunha Lima, ambos do PSDB, trabalham em conjunto para se reeleger ao Senado e à Câmara Federal.
No âmbito do PP, o deputado federal Aguinaldo Ribeiro, que conta com apoio expressivo de grande número de prefeitos favorecidos com obras e investimentos decorrentes de emendas parlamentares de sua autoria, empenha-se, em paralelo, pela eleição da irmã, Daniella Ribeiro, ao Senado. Deputada estadual, Daniella aceitou o desafio de tentar tornar-se a primeira mulher senadora na história da Paraíba, mas tem enfrentado um verdadeiro paredão na disputa, que é distribuída, ainda, por Cássio Cunha Lima, Roberto Paulino, Veneziano Vital do Rêgo e Luiz Couto, sem falar em candidatos lançados por partidos nanicos. Os prefeitos que estiveram em contato com o site Os Guedes observaram que a indefinição da conjuntura política nacional, pontuada, inclusive, por atos de violência como o que atingiu o presidenciável Jair Bolsonaro, está produzindo efeitos colaterais nos Estados, induzindo postulantes a cargos proporcionais a se dedicarem com prioridade às suas campanhas na tentativa de sobreviver politicamente.
Há, também, uma reclamação de que cúpulas partidárias estão priorizando familiares de presidentes das legendas, que são candidatos a cargos proporcionais, no rateio dos recursos oriundos do chamado Fundo Constitucional Partidário, para utilização na cobertura de despesas com eventos da atual disputa eleitoral. Cita-se que no PSC o presidente regional do partido, deputado Marcondes Gadelha, privilegiou no rateio o seu filho Leonardo, que tenta voltar à Câmara Federal, enquanto no DEM o ex-senador Efraim Morais privilegiou o filho, Efraito, candidato à reeleição como deputado federal e com possibilidades de ter uma expressiva votação em outubro. De um modo geral, há uma verdadeira salada nas eleições deste ano, frisou um deputado estadual que se diz desmotivado para a campanha à reeleição.
Nonato Guedes