Um editorial do jornal O Estado de São Paulo não deixa margem a dúvidas: Dandão foi ungido pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como marionete na corrida pelo Palácio do Planalto em outubro. Dandão é um dos apelidos de Fernando Haddad, ex-prefeito de São Paulo, oficializado como candidato do PT a presidente da República em substituição a Lula, que foi barrado por ser presidiário, cumprindo pena na Polícia Federal em Curitiba. A vice de Dandão é a Manu, apelido carinhoso dado à deputada estadual Manuela DAvila, do PCdoB do Rio Grande do Sul, que abriu mão da candidatura própria a presidente para se compor com o ungido de Lula.
O Estadão revela que, em tom quase religioso, Lula sacramentou Haddad como seu substituto por confiar absolutamente nele e por acreditar que, uma vez vencendo a disputa, o ex-prefeito de São Paulo abrirá espaço para que o próprio Lula governe, a esta altura já solto, mas ainda fadado a responder em liberdade. Cogita-se, antecipadamente, levar Haddad, como primeiro ato na condição de presidente da República, se chegar lá, a conceder uma espécie de anistia a Lula para que ele possa recuperar o quanto antes os seus direitos políticos. Enquanto as coisas não acontecem dentro do quadrado estipulado pelo lulopetismo, Dandão vai tocando a campanha em nome de Lula e de conformidade com as suas ordens ou Emanações, já que Lula se considera um deus.
Foi emblemática a declaração de Haddad, ontem, em São Paulo, de que o Partido dos Trabalhadores não errou ao esticar a corda antes de trocar Lula na chapa. Segundo Dandão, isto deixou os adversários nervosos, com medo de um vice que não é só um vice, é um projeto. O projeto, no caso, é reentronizar Lula no palco, com a conivência de magistrados que lhe são simpáticos e a mobilização de segmentos da opinião pública que não absorveram a prisão de Lula mesmo aqueles que não morrem de amores, nem de longe, por Lula da Silva. Haddad foi orientado a não esquentar a cabeça com as provocações, partidas, sobretudo, do candidato Ciro Gomes, do PDT, diante da perspectiva de que o PT venha a precisar do apoio dele e de outras lideranças para reforço em eventual segundo turno.
Textualmente, Haddad, também conhecido no Nordeste como Andrade, acentuou: Não queremos agredir ninguém, até porque a gente conta com apoio no segundo turno de quem está do outro lado. Além de Ciro, na frente de esquerda há outra figura irresignada com o lançamento de Haddad como substituto de Lula, Marina Silva, que já começa a cobrar do ungido respostas sobre desacertos e desmandos cometidos pelos governos da Era PT, aí incluídos os de Lula e de Dilma Rousseff. Ciro, em especial, é um pote até aqui de mágoas para com o PT e com o próprio Lula. Ele, na verdade, topava ser vice de Lula ou, numa emergência, numa chapa do PT com qualquer nome abençoado por Lula. Como o plano não deu certo, Ciro ataca.
O desempenho de Haddad em termos eleitorais é uma tremenda incógnita a dados de hoje por fatores já conhecidos. Mas não se descarta a possibilidade de que ele vá para um segundo turno e que adquira cacife para vitoriar no embate contra o adversário. Por trás desse desideratum estaria a alquimia do mago Luiz Inácio Lula da Silva, ultimamente especializado em fazer postes e até ler alguns livros até a preguiça bater. Para o PT, a campanha começa agora. Como os outros vinham a reboque, continuarão a reboque. A exceção ainda é Jair Bolsonaro, que continua maturando os fatos para saber que dividendos colheu com o infeliz atentado de que foi vítima o esfaqueamento durante ato de campanha em Juiz de Fora, Minas Gerais. Dandão desbanca Bolsonaro? A conferir!
Nonato Guedes