Sindicalista, ex-vice-prefeita e prefeita de Campina Grande, Cozete Barbosa Loureiro Garcia de Medeiros disputou o Senado pelo PT em 1998, ficando em terceiro lugar, com 216.006 votos. Em primeiro lugar, ficou Ney Suassuna (PMDB), com 455.359 e em segundo o ex-governador Tarcísio Burity, concorrendo pelo PPB, que alcançou 394.294 sufrágios. Ney Suassuna, na época, fez dobradinha com José Maranhão, que foi candidato à reeleição ao governo, contra Gilvan Freire, e foi eleito com a maior votação, proporcionalmente, do país. Maranhão e Ney apareciam no Guia Eleitoral debatendo projetos de interesse do Estado. Conhecido pelo estilo trator, Ney era apresentado como o senador do Zé. Eles romperam, posteriormente.
A ascensão política de Cozete Barbosa foi resultado de um atitude ousada do tucano Cássio Cunha Lima, que bancou a indicação dela para vice, apesar das restrições feitas dentro do PT ao clã familiar a que Cássio pertence. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que já era a principal liderança petista, deu pleno aval à aliança com Cássio, em meio a discussões polêmicas dentro do petismo sobre a abertura, ou não, para composições com outros partidos. Cozete assumiu a prefeitura em abril de 2002 com a renúncia de Cássio para disputar o governo do Estado, logrando ser vitorioso. Além de sindicalista, presidente do Sintab Sindicato dos servidores dos municípios do Compartimento da Borborema, Cozete disputara mandatos de vereadora e deputada estadual.
No exercício efetivo da prefeitura de Campina, em outubro de 2003, Cozete recepcionou o então presidente Lula na cidade, para a inauguração do novo terminal de passageiros do aeroporto Presidente João Suassuna. Lula saudou-a como grande companheira e, no discurso, relatou traços da sua história como sindicalista e líder político. A gestão de Cozete à frente da prefeitura campinense foi tumultuada e, após deixar o cargo, ela enfrentou processos por supostas irregularidades. Atritou-se, também, pela imprensa, com Cássio Cunha Lima, numa das controvérsias acerca de responsabilidades por herança maldita na administração da segunda maior cidade do Estado.
Ela ingressou no movimento estudantil num período difícil, em 1976, quando vigorava a ditadura militar. A família, de origens de classe média, encarava com descrença o êxito de Cozete na atividade política, mas ela foi obstinada e se impôs como líder ao ser convidada para fazer parte do movimento de reorganização dos servidores públicos, deflagrado em todo o país. A legislação não permitia sindicatos representativos de funcionários, apenas associações. Para surpresa minha, num debate com várias pessoas, fui indicada para ser candidata a presidente da entidade. Eu fui eleita com 82% dos votos, numa eleição histórica com muita participação, e começamos a fazer movimento em Campina Grande, relatou, em depoimento para o livro Mulher e Política na Paraíba Histórias de vida e luta, escrito conjuntamente por Glória Rabay e Maria Eulina Pessoa de Carvalho. A liderança de Cozete chamava a atenção para a época. Além de ser mulher, era uma mulher que topava o enfrentamento. Liderou o primeiro movimento grevista entre os funcionários públicos do município, depois do regime militar instaurado em 64. Não demorou para outros setores sociais também prestarem atenção no comportamento dela. O grupo feminista Ser Mulher aproximou-se de Cozete interessado pela sua experiência. A ex-prefeita chegou a sofrer críticas por defender a legalização do aborto e da união civil entre homossexuais. Indagada pelas autoras do livro se faria tudo outra vez, ela respondeu de bate-pronto: Faria mais, muito mais; não me arrependo absolutamente de nada que fiz na minha vida pública.
Nonato Guedes