Pedro Moreno Gondim, Ivan Bichara Sobreira, Wilson Leite Braga e Tarcísio de Miranda Burity. Eles ocuparam o governo da Paraíba até por mais de uma vez, casos de Pedro Gondim e Burity, mas não lograram êxito na disputa por vaga de senador, uma extensão da carreira para quem optou pela vida pública. Pelo menos duas dessas derrotas tiveram conotação dramática. Ivan Bichara, que foi candidato em 1978, pela Arena, depois de deixar o governo, sentiu-se traído pela dissidência agripinista-marizista, que descarregou votos em Humberto Lucena, o vitorioso. Individualmente, Bichara foi o mais votado naquele páreo mas Humberto, líder do PMDB, beneficiou-se dos votos de João Bosco Braga Barreto e Ary Ribeiro, que ocuparam sublegendas e complementaram o percentual necessário para Lucena ascender ao posto.
Ivan, cujo centenário de nascimento ainda está em evidência, nunca perdoou os ex-companheiros de partido por não lhe darem apoio, mas um outro fator contribuiu para o desideratum a teimosia do ex-governador em não aceitar compor a chapa com nomes expressivos nas sublegendas, capazes de ampliar substancialmente a diferença que, em termos pessoais, cravou sobre Humberto. De resto, Humberto Lucena sempre foi tido como um homem público talhado para o Senado, instituição que ele presidiu em duas legislaturas, derrotando concorrentes como Nelson Carneiro, o autor da Lei do Divórcio, e José Fragelli, do Mato Grosso. A grande frustração minha é não ter sido governador da Paraíba, desabafou Lucena a este repórter, lembrando que sempre abriu mão da indicação natural para atrair e prestigiar dissidentes de outros partidos que ingressaram no PMDB, como Antônio Mariz e Tarcísio Burity.
A derrota ao Senado foi fatal para que Ivan desistisse de perseverar na militância política na Paraíba. Quando foi indicado ao governo por via indireta em 78, ele estava afastado há décadas do Estado, onde ocupou mandato de deputado estadual. Envolvia-se em atividades distintas da política no Rio de Janeiro até que foi chamado para assumir o Executivo. Sua gestão foi marcada pela visão e sensibilidade para com problemas sociais, mas enfrentou limitações decorrentes de adversidades da conjuntura econômica. Uma outra derrota, mais espetacular ainda, foi a de Wilson Braga, que concorreu ao Senado em 1986 depois de ter feito um governo que o projetou a nível regional. Braga foi desbancado por um empresário sem tradição política na época e que por isso mesmo era tratado como azarão, o atual senador Raimundo Lira. Wilson reclamou que fora vítima de traições ou cristianização do seu nome, mas o fator decisivo para a derrota, conforme alguns analistas, foi o desgaste da sua imagem, diante de episódios polêmicos verificados no governo que empalmou a partir de março de 1983. Para Braga, Senado nunca mais virou uma espécie de divisa política.
Em relação a Pedro Gondim, ele se tornou um fenômeno na década de 60, conduzindo uma das mais populares campanhas ao governo do Estado. Chegou ao Palácio da Redenção, literalmente, nos braços do povo. Ainda chegou a exercer, posteriormente, mandato de deputado federal, mas foi cassado pelo regime militar supostamente por ter sido contrário à punição ao deputado Márcio Moreira Alves, em 68 Marcito, como era chamado pelos íntimos, foi destituído de função política por causa de um discurso no ping-pong da Câmara em que vergastava a ditadura dos generais. Na década de 80, com os sinais de reabertura política e anistia, Pedro recuperou direitos políticos e foi o principal candidato do PMDB ao Senado na chapa encabeçada por Antônio Mariz ao governo. Foi derrotado nas urnas por Marcondes Gadelha, que havia deixado os quadros do PMDB, ingressando no PDS, sucedâneo da Arena, com as bênçãos do general João Batista Figueiredo. Quanto a Burity, depois de ter sido governador do Estado por duas vezes e deputado federal, em 1998 tentou uma cadeira no Senado, mas não logrou vitoriar, tendo sido derrotado por Ney Suassuna.
Nonato Guedes