Há exatos oito anos, os clãs Cunha Lima e Veneziano enfrentaram-se em Campina Grande, principal reduto onde atuam, na disputa por cadeiras no Senado Federal. O tucano Cássio Cunha Lima foi eleito com hum milhão de votos e o então peemedebista Vital do Rêgo Filho conquistou a outra cadeira em jogo, com percentuais igualmente expressivos. As duas famílias voltam a se defrontar nas urnas este ano, com Cássio postulando a reeleição e com o deputado federal Veneziano Vital do Rêgo substituindo Vitalzinho, que se afastou da política após ser nomeado pela então presidente Dilma Rousseff para uma cadeira de ministro do Tribunal de Contas da União.
Como reflexo de mudanças políticas operadas no cenário paraibano, Veneziano Vital está hoje no PSB e tem o apoio ostensivo do governador Ricardo Coutinho para a disputa ao Senado, juntamente com o deputado federal petista Luiz Couto. O governador ficou contra o impeachment de Dilma Rousseff e a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Veneziano votou a favor do impeachment de Dilma, mas essa questão já foi superada, inclusive, junto ao PT paraibano, tanto que Lula gravou uma convocatória pedindo aos paraibanos votos em Couto e Veneziano. Com a investidura de Vital no TCU e consequente renúncia ao mandato parlamentar, sua cadeira foi assumida pelo primeiro suplente Raimundo Lira, que cogitou a hipótese de concorrer à reeleição este ano, mas, após avaliações e reflexões de caráter pessoal, preferiu dedicar-se a concluir o mandato que ocupa.
Entre analistas políticos não se descarta a repetição do cenário senatorial de 2010, em que Campina Grande elegeu dois candidatos, com o reforço da Capital e de municípios médios e pequenos do território paraibano, defenestrando postulantes que se achavam favoritos, como o ex-senador Efraim Morais, do Democratas. Veneziano, na condição de candidato, tem defendido propostas interessantes sobre temas de caráter nacional, mas também incorpora reivindicações e assuntos de interesse da Paraíba. A disputa para o Senado este ano, na Paraíba, é considerada mais acirrada do que a de governador. Além de Cássio, Veneziano e Luiz Couto, concorrem o ex-governador Roberto Paulino pelo MDB, na chapa de José Maranhão, que disputa a volta ao governo, e uma outra representante de Campina, a deputada estadual Daniella Ribeiro, irmã do deputado federal Aguinaldo Ribeiro, ambos do Partido Progressista.
Algumas pesquisas divulgadas convergem para o favoritismo de Cássio Cunha Lima e de Veneziano Vital do Rêgo, ficando Daniella Ribeiro numa terceira posição. Mas os candidatos restantes apostam em modificações à medida que a disputa for se radicalizando e se encaminhando para a reta final. Uma estratégia comum a todos os postulantes é a de ocupar todos os espaços disponíveis, no rádio, na televisão e em outros meios de comunicação, para massificar as respectivas candidaturas, vinculando-as a candidatos a governador que apoiam. Cássio e Daniella estão declaradamente fechados com a candidatura de Lucélio Cartaxo ao governo, Veneziano e Luiz Couto estão com João Azevêdo, o candidato do PSB e do governador Ricardo Coutinho à sua sucessão e Roberto Paulino forma dobradinha com José Maranhão no MDB.
Nonato Guedes