Acostumados, invariavelmente, a conviver com a participação do ex-senador Ney Suassuna em campanhas eleitorais desde a década de 80, ora como postulante, ora como cabo eleitoral valioso como reforço para campanhas de amigos e correligionários, os círculos políticos locais vinham estranhando a decantada ausência dele no pleito deste ano. Soube-se, nas últimas horas, porém, que Ney está de volta ao páreo, agora como candidato a suplente de senador. O empresário conseguiu ingressar na chapa do candidato ao Senado pelo PSB, Veneziano Vital do Rêgo, na condição de primeiro suplente, conforme relata o jornalista Adelson Barbosa dos Santos, hoje, em coluna no Correio da Paraíba.
Ney Suassuna ingressou na política paraibana nos anos 80, figurando numa sublegenda, em 82, na chapa do PMDB ao Senado encabeçada pelo ex-governador Pedro Moreno Gondim, que fazia dobradinha com Antônio Mariz como candidato ao governo do Estado. O PMDB amargou uma derrota fragorosa nas urnas Mariz perdeu para Wilson Braga por 151 mil votos de maioria, e o voto vinculado, um dos últimos casuísmos do regime militar que vigorou no país, favoreceu a eleição de Marcondes Gadelha, ex-PMDB, já no PDS, como senador, por oito anos. Em 1990, Ney voltou à cena como suplente de Antônio Mariz, que ganhou a única vaga ao Senado em disputa, derrotando Marcondes Gadelha, que tentava a reeleição. Quatro anos depois, Mariz candidatou-se ao governo, sendo eleito derrotando Lúcia Braga. Ney foi efetivado, então, como titular no mandato de senador.
Com a morte de Mariz em 95 e a ascensão de José Maranhão ao governo, Ney e Zé formaram uma dobradinha que ficou popularizada em todo o Estado o senador-empresário atuando em Brasília, junto a canais influentes, para liberar recursos e encaminhar projetos de interesse da Paraíba no governo federal, Maranhão tocando obras no Estado. Em 98, a dobradinha foi consolidada, com Ney figurando na propaganda como o senador do Zé. A perspectiva de novas disputas eleitorais, e, no seu bojo, a eclosão de divergências entre Maranhão e Suassuna selaram o rompimento definitivo dos dois. Ney ensaiou aproximação com Cássio Cunha Lima mas descobriu afinidade maior com o atual governador Ricardo Coutinho, oferecendo-se, inclusive, como embaixador informal da Paraíba para conseguir atrair investidores de vários países para a Paraíba. Em todas as circunstâncias em que atuou como senador, a colaboração de Suassuna foi decisiva para o desenvolvimento do Estado.
Ele costumava dizer à imprensa que seu partido, em Brasília, era o Partido da Paraíba. Chegou a ser vice-líder do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e, no campo folclórico da política, empilhou um mosaico de latas vazias na Praça dos Três Poderes em Brasília para protestar contra a falta de assistência aos nordestinos vitimados pela estiagem e clamar ao governo federal pelo empenho em favor da transposição das águas do rio São Francisco. Ney foi, também, ministro da Integração Nacional e participou ativamente de debates em Comissões no âmbito do Senado. Nunca disputou mandato de governador ou de deputado federal. O seu habitat natural parece ser mesmo o Senado, na política, já que nos negócios ele atua em diversificados empreendimentos a partir do Rio de Janeiro, onde possui residência na Barra da Tijuca.
Nonato Guedes