A pesquisa Método/CORREIO, em sua segunda versão, confirmou um prognóstico que havia sido aventado nesta coluna: o de que para o Senado a disputa na Paraíba este ano poderia reprisar o cenário de 2010, com Cássio Cunha Lima (PSDB) e um expoente da família Rêgo no confronto pelas duas vagas em jogo. Em 2010, como foi lembrado, Cássio e Vital do Rêgo Filho, de partidos diferentes, absorveram os votos majoritários em Campina Grande e complementaram o placar com sufrágios recolhidos em cidades importantes do interior e da Capital.
Agora, em 2018, Cássio, que disputa a reeleição pelo PSDB, dispara com 34,2% das intenções de votos, pontuando crescimento em relação à pesquisa anterior, em que obteve 31%. Cunha Lima, que faz dobradinha com a deputada Daniella Ribeiro, do PP, é seguido de perto por Veneziano Vital do Rêgo, irmão de Vital, deputado federal e ex-prefeito de Campina por duas vezes, que, concorrendo pelo PSB do governador Ricardo Coutinho, gravita em torno de 24,8% das preferências. A parceira de Cássio está com 15,6%, tecnicamente empatada com Luiz Couto, do PT, e é dramática a luta de Daniella para emparelhar com Cássio, tendo que ultrapassar outros concorrentes no meio do caminho.
Sabe-se que Cássio e Daniella fazem uma campanha casada ambos pedem votos para a chapa da coligação ao Senado e ainda por cima estão integrados à campanha de Lucélio Cartaxo, do PV, que tem como vice Micheline Rodrigues, mulher do prefeito de Campina Grande, Romero Rodrigues. Caprichoso como sempre, o eleitor se sente com liberdade para fazer a mistura que achar conveniente. É por isso, e por outros fatores, que Cássio e Veneziano, que são adversários políticos, dividem as intenções de voto na peleja senatorial. Seria necessário um esforço sobrehumano da coligação em que Daniella está para que a candidata fosse catapultada nas preferências do eleitor. Nada é impossível mas há a impressão, em meios políticos, de que na cabeça do eleitorado a configuração ideal para o Senado já está formatada, pelo menos para o eleitorado de Campina Grande e cidades do Compartimento da Borborema.
Cássio credenciou-se pela firmeza de posições no Senado, inclusive, politicamente, quando assumiu voto pelo impeachment de Dilma Rousseff e manteve distância providencial do governo de Michel Temer. Há, além do mais, o seu próprio histórico como prefeito de Campina Grande, como governador por duas vezes, como superintendente da Sudene e deputado federal. Veneziano, que foi alentando seu currículo a partir da chegada à Câmara Federal, é o contraponto a Cunha Lima em Campina. E para deixar isso mais claro, largou o PMDB-MDB e juntou-se ao governador Ricardo Coutinho, com quem Cássio se aliou no passado. O governador, naturalmente, além de tentar projetar o candidato a governador João Azevêdo, que está em ascensão, batalha, pelo menos, para eleger Veneziano, embora peça votos para a chapa conjunta, que agrega Luiz Couto, do PT. As sinalizações dessa pesquisa chegam em momento difícil para Daniella Ribeiro, quando a campanha tende a se afunilar e muitas intenções de votos já estão consolidadas, tornando-se praticamente irreversíveis. A posição vulnerável em que Daniella se acha neste instante deve ser tema de discussão urgente no staff a que ela está engajada. Senão para mudar o curso natural das projeções, pelo menos para tentar salvar o destino de um quadro político valioso como Danielle, que talvez tenha cometido o erro de cálculo de apostar alto na hora errada. A conferir!
Nonato Guedes