A pesquisa do Ibope deixou animada a deputada estadual Daniella Ribeiro, do PP, que concorre ao Senado com alguns pesos-pesados da política paraibana a exemplo de Cássio Cunha Lima (PSDB) e Veneziano Vital do Rêgo (PSB), bem como o ex-governador Roberto Paulino (MDB). Há motivos para festejar, se quisermos ser realistas. É que no mencionado levantamento do Ibope Daniella cresceu seis pontos percentuais, passando de 14% para 20% nas intenções de voto, o que representaria 42,85% das preferências de fatias do eleitorado paraibano. Cássio e Veneziano ainda polarizam o jogo, mas a expectativa de Daniella não é utópica ou irreal. Há margem para expansão maior e, até, para reviravolta espetacular.
Se a tal reviravolta acontecer, destronando Veneziano, Roberto Paulino ou Luiz Couto da segunda vaga, não constituirá necessariamente numa surpresa inaudita. Temos antecedentes históricos de variações e fortes oscilações em disputas ao Senado. Mais remotamente, em 86, Wilson Braga, campeão absoluto de votos na Paraíba, até então sem qualquer registro de revés no currículo, viu-se a braços com a bem-sucedida e insidiosa mobilização do empresário Raimundo Lira, neófito em política. E Braga foi inapelavelmente destronado, para dar lugar a Lira, que dividiu espaços na bancada paraibana com o senador Humberto Lucena, reeleito.
De outra feita, em 2010, tivemos o fiasco da reeleição do senador Efraim Morais, ex-PFL, atual Democratas, que em 2002 lograra ultrapassar também Braga e dividir espaço em Brasília com José Maranhão, eleito pelo extinto PMDB. Os analistas políticos costumam definir figuras assim como azarões, pelo fato de que não largam como favoritos, alimentam dúvidas sobre seu cacife até que, na reta de chegada, surpreendem, desmontam prognósticos e tornam-se donos legítimos da vaga. O fenômeno tornou-se institucionalizado não só em eleições ao Senado também para governadores de Estados, em alguns casos para presidente da República. Na conjuntura presente, a deputada Daniella Ribeiro foi tida como candidata a um passaporte de alto risco, levando-se em conta a perspectiva confortável de alcançar reeleição expressiva à Assembleia Legislativa.
Só que, motu próprio, Daniella optou por sair da chamada zona de conforto em que se encontrava para arriscar um mandato ao Senado e tentar quebrar um tabu, elegendo-se a primeira senadora da história da Paraíba. (Para desmemoriados, um pequeno lembrete: a ex-vice-prefeita e ex-prefeita de Campina Grande Cozete Barbosa candidatou-se ao Senado e parecia ter chances de abocanhar uma cadeira, mas não teve combustível suficiente para empolgar o eleitorado a levá-la para o Senado). O registro não é para efeito de comparação destina-se, mais, a reconstituir etapas de disputas políticas na Paraíba que chamaram a atenção pelo potencial inovador que carregaram, nas respectivas fases. A deputada Daniella Ribeiro passa a ser encarada com respeito de adversária de peso eis o que deve ser colocado na mesa para apreciação por gregos e troianos. Tanto Cássio Cunha Lima pode puxar votos para ela, com quem faz dobradinha na reta final, como Daniella pode se impor de forma autóctone, cosendo-se nas próprias linhas para derrubar mitos & tabus e para assegurar a representatividade feminina paraibana no Senado Federal. É uma luta que desperta interesse e, em certos casos, adesões que favorecerão Daniella no final das contas.
Nonato Guedes