Da bancada paraibana que atuou na Assembleia Nacional Constituinte de 1988, apenas dois remanescentes os senadores José Maranhão (MDB) e Cássio Cunha Lima (PSDB) participam ativamente da disputa eleitoral deste ano, com o emedebista tentando voltar ao governo do Estado que ocupou por três vezes, enquanto o tucano batalha pela reeleição. Ambos têm boa cotação em pesquisas de opinião pública sobre intenções de voto. Maranhão chegou a liderar os primeiros levantamentos feitos na corrida, alternando-se ultimamente com João Azevêdo (PSB), candidato do governador Ricardo Coutinho. Cássio cresceu de forma fulminante no páreo as últimas pesquisas sinalizam que está com 40% de preferências, a um passo de garantir sua reeleição.
A Constituinte de 88, responsável pela elaboração da nova Carta Magna que o falecido deputado Ulysses Guimarães chamou de Constituição-Cidadã, registrou como novidade a movimentação de grupos de lobistas interessados em emplacar pleitos de caráter corporativo que os beneficiassem. A Comissão de Sistematização depurou algumas propostas consideradas inviáveis como a do tabelamento de juros em 12%. Quem agitou, no plenário e nas comissões, foi a chamada bancada do Centrão, um agrupamento distribuído por vários partidos, com inspiração conservadora. Cássio Cunha Lima tinha 25 anos de idade quando marcou presença na Constituinte. Obteve média final 6,5 na avaliação do Diap Departamento Intersindical de Assessoramento Popular, que atuava articulado com movimentos da sociedade civil. Enquanto isso, José Targino Maranhão, deputado federal, obteve média final 4,0.
O atual deputado federal Marcondes Gadelha (PSC) foi constituinte como senador pelo PFL, mas o Diap foi implacável com ele, atribuindo-lhe média final de 2,5. Lúcia Braga, deputada federal pelo PFL, ficou com média final 4,75. Ela se ausentou em inúmeras sessões quando matérias importantes foram votadas, por estar cuidando da saúde da filha Patrícia, vítima de acidente automobilístico em Alfenas, Minas Gerais, e que anos mais tarde morreu após um período de vida vegetativa. O atual senador Raimundo Lira (PSD), que não disputa a reeleição ou qualquer outro mandato este ano, ficou com média final de 5,25, adotando uma postura centrista na avaliação do Diap. O então deputado João da Mata, filiado ao PDC, ganhou média final de 2,0. Gadelha exerce por ora mandato de deputado federal, que assumiu, como suplente, com a morte do deputado Rômulo Gouveia, e está engajado na luta do filho Leonardo, ex-presidente nacional do INSS, para ser reconduzido à Câmara. João da Mata era um dos fundadores do Centrãoe o Diap avaliou ter ele atuado na Constituinte para reduzir a influência das esquerdas nas votações dos direitos sociais e da ordem política e econômica.
O ex-deputado João Agripino de Vasconcelos Maia, então filiado ao PMDB, alcançou média final 8,5 na Constituinte, tendo sido considerado um nacionalista. Ele classificou suas posições como de centro-esquerda no campo político e votou favoravelmente à reforma agrária. Em 1990, João Agripino Neto foi lançado candidato a governador pelo então governador Tarcísio Burity, já no PRN, e teve votação expressiva que provocou o segundo turno sem ele, mas polarizado entre Wilson Braga e Ronaldo Cunha Lima. João declarou apoio a Ronaldo. O senador Humberto Lucena, líder maior do ex-PMDB,teve média final 5,5, enquanto o deputado federal Evaldo Gonçalves, do PFL, foi contemplado com média 5,25 e Edme Tavares (já falecido) ficou com média final de 6,5. Edivaldo Motta, do PMDB, teve média final 5,75, Aluízio Campos, do PMDB, ficou com 4,75. E Antônio Mariz, do PMDB, foi o Constituinte Nota Dez, tendo apoiado o parlamentarismo e votado favoravelmente à participação popular e ao direito de voto aos 16 anos. Agassiz Almeida teve média final 9,0 e Adauto Pereira tirou 1,0 no boletim do Diap. A Constituição-Cidadã incorporou conquistas valiosas reclamadas pela sociedade, analisa Lúcia Braga.
Nonato Guedes