O ex-governador e ex-vice-governador da Paraíba Roberto Paulino de Sousa (MDB), candidato único do MDB ao Senado nas eleições deste ano, tem emitido sinais de desilusão com a atividade política e admitiu que poderá se aposentar de disputas eleitorais no Estado. Enigmático, sem querer aprofundar explicações sobre fatos desagradáveis que estariam acontecendo, Paulino desabafou que já viu de tudo nas eleições desse ano e que só faltou ver boi voar (a expressão é muito usada pelos políticos para se referir a fatos inusitados).
Em outras oportunidades, Paulino, que pertence a uma tradicional família do brejo paraibano, não escondeu um certo desconforto com a campanha eleitoral em que está envolvido, apoiando o senador José Maranhão ao governo. Ele chegou a anunciar uma paralisação por dois dias no ritmo de caça aos votos alegando que não havia sido contemplado, ainda, com recursos do Fundo Partidário e alertando que não tinha direito, sequer, para o combustível do carro que usa para deslocamentos a diferentes cidades. Ele salientou nas últimas horas que, embora esteja inclinado a deixar a vida pública, não deixará de trabalhar pela Paraíba, mesmo que de longe. Uma outra reflexão sua dá conta de que o tempo para a política passou para ele, sendo que a oportunidade é dos mais jovens.
Roberto Paulino, que também foi deputado estadual, federal e prefeito de Guarabira e cujo filho, Raniery, postula reeleição à Assembleia Legislativa este ano, foi escolhido por José Maranhão para ser seu vice na chapa lançada em 98 e que significou, para Maranhão, um processo de reeleição, por já estar ele na plenitude do cargo desde a morte de Antônio Mariz em 1995. A chapa puro sangue derrotou nas urnas o ex-deputado estadual Gilvan Freire, que disputou pelo PSB e sofreu revés acachapante, até pela desigualdade logística para sustentar o confronto com Maranhão, que acabou sendo, proporcionalmente, o mais votado naquele pleito, tomando-se por base as disputas dos outros Estados.
Com a renúncia de Maranhão, para efeito de desincompatibilização a fim de disputar o Senado, Roberto Paulino não só assumiu efetivamente o governo como se lançou como candidato à reeleição em 2002, fazendo dobradinha com Zé. Teve como adversário principal o tucano Cássio Cunha Lima. A campanha foi prorrogada, com a realização do segundo turno e Cássio, que tinha como vice Lauremília Lucena, mulher do ex-senador Cícero Lucena, saiu vencedor ao cabo de uma dura peleja. No que diz respeito ao desabafo de Paulino sobre desencanto com a política, esta tem sido a toada de vários outros expoentes da vida pública na Paraíba. Em termos de intenções de votos, Paulino tem ficado bem atrás em pesquisas de institutos como o próprio Ibope, suplantado por Cássio Cunha Lima, Veneziano Vital do Rêgo e Daniella Ribeiro.
Nonato Guedes