Em mensagem reproduzida via WhatsApp para a jornalista Ana Maia Correia, o ex-deputado federal e ex-candidato a governador da Paraíba João Agripino de Vasconcelos Maia, conhecido por João Neto, filho do falecido governador João Agripino (1966-1971), externou seu apoio ao candidato a presidente da República Jair Bolsonaro (PSL), considerando-o a opção possível num cenário que qualifica de desolador. As declarações de João Neto ecoaram via Facebook e outras redes sociais e provocaram a discordância da sua irmã, Lourdes Bonavides Mariz Maia, radicada no Recife, que tem criticado em mídias sociais o que chama de conduta misógina e ameaçadora do candidato Jair Bolsonaro. Lourdes Bonavides, num primeiro momento, se disse atônita e perplexa com as considerações feitas pelo irmão para optar por Bolsonaro, mas fechou as observações apelando para a ironia, com um salve, democracia. Os dois irmãos são herdeiros influentes do agripinismo na Paraíba.
João Agripino Neto foi candidato a governador em 1990, ficando em terceiro lugar, abaixo de Wilson Braga e Ronaldo Cunha Lima. Concorreu com o apoio do governador Tarcísio Burity (PRN) que concluía seu segundo mandato executivo e que, no segundo turno, proferiu declaração asseverando que não apoiaria nem Braga nem Ronaldo. João Neto, ao invés, tomou partido pela candidatura de Ronaldo por avaliar que o braguismo simbolizava um esquema político pernicioso para o Estado. Ronaldo, candidato do PMDB, derrotou Braga na rodada decisiva. João Neto atua em escritório de advocacia em Brasília e não mais se dispôs a concorrer a mandatos eletivos. Na Assembleia Nacional Constituinte de 88, ele obteve nota 8,5, atribuída pelo Diap, Departamento Intersindical de Assessoramento Parlamentar, em face de posições reformistas que tomou em contraposição ao conservadorismo do Centrão, dominante nos trabalhos da ANC.
Ao comentar o cenário político atualmente vigente no país, João Agripino de Vasconcelos Maia disse: Talvez seja essa a eleição mais difícil de se votar para presidente da República. Alguns candidatos representam o rebotalho da política atual. Pessoalmente, considero o candidato Geraldo Alckmin (PSDB) o mais preparado, mas o partido a que ele pertence introduziu a prática da corrupção, desde as privatizações no setor elétrico e outros essenciais até a continuidade com a eleição de Eduardo Azeredo para governador de Minas Gerais, em conexão com Marcos Valério, acusado de envolvimento no mensalão tucano mineiro. Já o Partido dos Trabalhadores, conforme João Neto, em 14 anos de atuação, aprofundou a pratica da corrupção. Desisti de Alckmin depois das denúncias que eclodiram sobre o toma-lá-dá cá de Ciro Nogueira, do PP, Valdemar Costa Neto e Paulinho, da Força Sindical. Não creio que ele (Alckmin) consiga se livrar dessa corja que tornou putrefato o sistema político brasileiro. Em virtude da ausência de alternativas desejadas, João Neto revelou que optou por votar em Jair Bolsonaro, que admite ser um radical mas que não teria manchas em seu currículo na vida pública. Para ele, Bolsonaro representa a antítese do atual sistema e a expectativa de grande parte do eleitorado, que está farto de tanta corrupção e enganação. Lourdes Bonavides Mariz Maia, por sua vez, postou no Facebook que Bolsonaro representa o que há de mais abjeto na política brasileira atualmente, mas frisou respeitar, em nome da democracia, o posicionamento do irmão, mesmo externando surpresa diante disso.
Nonato Guedes