A campanha dos presidenciáveis está sendo praticamente ignorada por candidatos a governador na Paraíba nas suas intervenções no Guia Eleitoral, em debates ou entrevistas a órgãos de comunicação. O único envolvimento de postulantes locais com postulantes à Presidência da República ocorre por ocasião de visitas que estes fazem ao Estado, cumprindo rápidos roteiros intercalados com viagens a outros Estados. Ciro Gomes (PDT), apoiado pela vice-governadora Lígia Feliciano, candidata à reeleição, foi um dos presidenciáveis a vir à Paraíba, o mesmo se dando com Fernando Haddad, do PT, apoiado pelo governador Ricardo Coutinho (PSB) e com Geraldo Alckmin, do PSDB, que tem a solidariedade do senador paraibano Cássio Cunha Lima, candidato à reeleição. Cássio, todavia, não massifica as propostas de Alckmin na sua propaganda, preferindo debater a realidade local e apresentar propostas para essa conjuntura.
O candidato líder de pesquisas Jair Bolsonaro, do PSL, não conta com apoiadores de expressão na Paraíba nem com palanques fortes. A sua imobilidade física decorrente da hospitalização após atentado sofrido em Juiz de Fora, Minas Gerais, num evento de campanha, dificultou o cumprimento de um roteiro de comícios pelos Estados e até mesmo a participação dele em debates das emissoras nacionais de televisão. O candidato do MDB a presidente da República, o ex-ministro Henrique Meirelles, não pisou os pés na Paraíba desde que se lançou no páreo. Tampouco é mencionado na propaganda do senador José Maranhão, que postula novamente o governo do Estado.
Líderes políticos paraibanos justificam o descompasso com a campanha presidencial alegando que a eleição deste ano é inteiramente atípica. Outros queixam-se que as cúpulas nacionais relegaram a segundo plano as disputas regionais, em alguns casos agindo de forma injusta no rateio de recursos do Fundo Partidário para candidatos legalmente registrados. No PT paraibano, surgiram reclamações pelo fato de que a direção nacional repassou recursos para a candidata a deputada Malu Vinagre, do Pros, ao invés de prestigiar representantes petistas o partido conta, inclusive, com um candidato a senador, o deputado federal Luiz Couto. A explicação da direção nacional foi de que o Pros integra a coligação que sustenta a candidatura de Fernando Haddad, substituto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na corrida presidencial.
Postulantes a cargos proporcionais na Paraíba confessam, em off, que esse desengajamento da disputa nacional lhes favorece porque dá ao eleitor liberdade para votar em candidatos de partidos e coligações distintas no plano nacional e estadual. A luta maior está sendo travada em torno da sobrevivência de cada candidato, por meio da realização de comícios, arrastões e o tradicional corpo-a-corpo com os eleitores. Isto vale tanto para os postulantes à disputa majoritária como para a disputa proporcional, comenta um deputado federal que é candidato à reeleição.
Nonato Guedes