Cinco candidatos ao governo do Estado trocaram acusações e confrontaram defeitos pessoais logo na primeira rodada de perguntas entre eles, no debate realizado agora à noite pela TV Correio, do Sistema Correio de Comunicação, mediado pelo jornalista Hermes de Luna. João Azevedo (PSB), José Maranhão (MDB), Lucélio Cartaxo (PV), Tárcio Teixeira (PSOL) e Rama Dantas (PSTU) apresentaram propostas ao eleitorado em meio a insinuações sobre incoerência e contradições na postura política. Uma das discussões envolveu Lucélio e Maranhão, com o candidato do PV questionando ação movida pelo Ministério Público Federal contra o emedebista por receber pensão como ex-governador, cumulativamente aos vencimentos como senador, estando sendo acionado para devolver cerca de R$ 1 milhão ao erário. Cartaxo lembrou, ainda, que Maranhão havia prometido, de público, abrir mão da pensão como ex-gestor.
O senador emedebista salientou que já está apresentando suas alegações diante da ação movida pelo MPF, baseadas no argumento de que não está cometendo nenhuma ilegalidade e que o pagamento da aposentadoria é previsto pela Constituição. Em troca, insinuou que o irmão gêmeo do prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo, seria beneficiário de salário de assessoria parlamentar em Brasília sem dar expediente no Congresso Nacional. A polêmica despertou a reação, em outra parte do debate, da candidata Rama Dantas, que aludiu à existência de uma farra de salários na Paraíba, beneficiando apaniguados políticos, enquanto escasseiam verbas para melhoria dos salários dos servidores e para investimentos em serviços essenciais para a população. Maranhão voltou a falar sobre o assunto durante o debate e disse que o processo contra ele havia sido arquivado.
Rama Dantas criticou Lucélio Cartaxo como integrante de oligarquias políticas que predominam no cenário paraibano, o que foi contestado de pronto pelo candidato do Partido Verde, que garantiu que seus compromissos são com os interesses dos que mais precisam de atenção do poder público. Houve, também, embates entre Lucélio e João Azevêdo, por críticas que este fez à administração da Capital. No contraponto, Cartaxo fez duras restrições ao governo de Ricardo Coutinho, salientando que há quase oito anos ele está no exercício do poder e não concretizou a promessa de priorizar setores essenciais com investimentos. O problema dos salários pagos a servidores codificados pelo governo do Estado também foi abordado por Maranhão, que considerou os valores pagos um escárnio ao povo pobre e por Rama Dantas.
João Azevêdo defendeu a gestão de Ricardo na questão da segurança pública, ressaltando os investimentos que foram feitos no setor, ao mesmo tempo em que criticou o prefeito Luciano Cartaxo por desaparelhar a guarda municipal em João Pessoa. Maranhão questionou a eficácia do aparelho de segurança do Estado, citando os assaltos e homicídios que têm se verificado e informando que em João Pessoa delegacias de polícia costumam ficar fechadas no período da noite. Lucélio reagiu às críticas ao gestor-irmão, acusando os adversários de desviarem a atenção do foco principal que é a realidade do Estado. Houve confronto entre Azevêdo e Maranhão tendo como pano de fundo a eleição presidencial, com o candidato do PSB alegando que o emedebista esconde seu alinhamento com o candidato Henrique Meireles, que é o candidato do desgastado governo Temer, enquanto, de sua parte, garantiu que tem lado definido e que apoia a candidatura do petista Fernando Haddad ao Palácio do Planalto. Maranhão redarguiu, informando que há flexibilidade partidária quanto a posições divergentes de líderes políticos na disputa presidencial, ao contrário de outros blocos no Estado, que constituem uma verdadeira Arca de Noé.
O tema da Saúde também mereceu enfoque especial dos candidatos ao governo, com Azevêdo assegurando que vai dar continuidade ao que chamou de avanços implementados no período de gestão de Ricardo Coutinho, com a inauguração e aparelhamento de hospitais da rede pública e Lucélio Cartaxo reafirmando a promessa que vem fazendo no Guia Eleitoral de construir um hospital de emergência no Sertão paraibano, a fim de atender a pacientes de cidades que ficam distantes de Campina Grande e de João Pessoa. A Educação dividiu propostas e avaliações dos postulantes sobre a forma de gerenciamento com qualidade. O senador José Maranhão, à certa altura, insinuou que João Azevêdo não terá autonomia à frente do governo, devendo obedecer a ordens do governador Ricardo Coutinho, que apostou fichas na sua postulação, o que foi rebatido pelo socialista. Maranhão também aludiu ao fato de não terem sido realizadas metas que a gestão Ricardo Coutinho alardeou, embora esteja concluindo o período de oito anos à frente do Executivo estadual.
Nonato Guedes