Em declarações prestadas por telefone, direto de Brasília, onde se encontrava, o ex-deputado federal paraibano João Agripino Neto foi enfático ao manifestar que não acredita no ensaio de um novo golpe militar no país, alegando que esse tipo de intervenção não encontra apoio na sociedade e é rechaçada por oficiais de alta patente das Forças Armadas, diante do desgaste provocado pela intervenção ocorrida em 1964 quando foi deposto o governo constitucional de João Goulart. João Neto, como é conhecido, apoia Jair Bolsonaro, capitão reformado do Exército, na atual campanha presidencial, alegando não ter condições de votar em candidatos do PT e do PSDB, diante do envolvimento de expoentes dessas siglas com casos de corrupção.
As declarações de João foram dadas antes de vir a público a entrevista de Bolsonaro, direto do hospital Albert Einstein, em São Paulo, ao Brasil Urgente,da Band, em que o candidato do PSL foi taxativo, dizendo que não aceitará um resultado das próximas eleições que não seja sua vitória. João Neto, que foi candidato a governador da Paraíba em 1990, e cuja votação viabilizou um segundo turno entre Ronaldo Cunha Lima (por ele apoiado) e Wilson Braga (derrotado) revelou que tem conversado com militares de alta patente, que reclamam de baixos salários e desvalorização no trabalho mas, em momento algum, cogitam postular a ideia de um golpe.
O ex-deputado avalia que a liderança conquistada por Jair Bolsonaro na corrida presidencial este ano é reflexo da desilusão de parcelas influentes do eleitorado com expoentes da classe política e com partidos que dizem defender ideias mas que, na prática, aderem ao fisiologismo e ao chamado toma-lá-dá-cá, alusão a barganhas feitas por parlamentares com governos em troca da aprovação de matérias de interesse de quem está no poder. Agripino reiterou o que havia dito a este portal: que o sistema político em vigor no país est[a putrefato e exige, com urgência, um reordenamento para que a frustração generalizada reinante na sociedade não tenha consequências de risco.
Para ele, a conjuntura política no Brasil tornou-se pontuada por fases cíclicas, nas quais eclodem fenômenos que canalizam insatisfações, como se verifica, atualmente, com Jair Bolsonaro. Ele aproveitou para dizer que desde o governo de Fernando Henrique Cardoso, do PSDB, tem havido um contingenciamento de recursos orçamentários para as Forças Armadas e que isto tem impedido não apenas os investimentos em equipamentos mas, também, na formação de figuras de destaque da oficialidade, que não conseguem meios para se reciclar. Lembrou, igualmente, que as Forças Armadas têm consciência de que não devem agir no campo da política-institucional se não contarem com a legitimidade de aprovação dos segmentos influentes da sociedade. Enfim, o país amadureceu, a realidade é outra, e candidatos como Bolsonaro têm plena consciência disso, finalizou o ex-deputado.
Nonato Guedes